quando, há apenas uma semana atrás, me encontrei com uma das minhas maiores amigas back in Portugal, que tinha ido em erasmus para Berlim. Ela só esteve lá 5 ou 6 meses, no entanto, quando a vi, pareceu-me que tinha passado um ano... ao contar-me acerca da sua experiência, uma das coisas que mais retive foi quando ela disse que ao voltar se tinha estranhado a ela mesma, voltar de uma experiência assim é como voltar a uma pessoa que já não somos, que nada tem que ver connosco. Eu devo dizer que, apesar de estar aqui há 4 dias, tão pouco tempo, começo a sentir algo desse género. O dia da minha chegada parece-me lá tão longeeee, parece que não vejo família e amigos há mooontes de tempo, e para ser sincera, sinto-me outra pessoa, quando fecho os olhos e tenho a imagem mental de Lisboa, da minha casa, dos meus amigos, dos meus hábitos, parece que estou a olhar-me de fora, para uma pessoa totalmente diferente. 4 dias. Like, really??
Ok, 4 dias não é nada. É tão pouco. Mas tudo aqui é vivido tão intensamente, cada momento é uma pequena eternidade. Encontrei algo escrito num blogue de duas raparigas que fizeram erasmus em Atenas em 2010, e não pude deixar de identificar-me (muito):
"As coisas boas e as coisas más formam uma ténue barreira entre elas e tudo o que podes fazer é rir quando te deparas com um problema. Tentar não chorar quando chegas, completamente esgotada, a um país do outro lado da Europa e te vês sozinha no meio de uma cidade desregrada, tentar uma gargalhada quando chegas a uma casa que mais parece uma anedota ou encarares com um encolher de ombros quando te dizem que não podes matricular-te hoje ou amanhã pois a faculdade está em greve. Ok, we are in Grece!"
OK, tiro a vontade de chorar porque essa não senti nenhuma - hoje talvez estou a sentir alguma, por estar a escrever isto e por estar a pensar no que deixei para trás, na verdade hoje a saudade bateu um pouco, mas também porque estou sozinha no quarto... quando estou lá fora nem penso - e a desorganização do país, aqui nada é desregrado e muito menos no outro lado da Europa, lol, mas enfim, o que quero dizer é que realmente é necessário ter alguma capacidade de adaptação e aquela capacidade de dar uma gargalhada ou encarar com um encolher de ombros hábitos que nos são estranhos, aos quais não estamos habituados, ter capacidade de independência pela primeira vez, por exemplo, ter de ir agora cozinhar o almoço - e eu detesto cozinhar, mas se não for a bem, tem de ser à força da sobrevivência, right? - ou ter de ligar para não sei onde e falar com uma mulher que pouco percebe de inglês, e tentar explicar-lhe que a nossa máquina de secar roupa está avariada e precisamos que alguém venha arranjá-la (juro, essa chamada já me estava a irritar, a mulher está a trabalhar num departamento de acomodação para exchange students e não sabe falar inglês??), e gerir o dinheiro, por vezes chegar ao quarto às 5h da manhã e realize que não tenho nada para comer, devia ter ido ao supermercado mas gastei todo o dinheiro desse dia pela cidade de Amesterdão que tem tanto por onde gastar, e de qualquer forma o supermercado está fechado a essa hora, e coisas do género! É como dizem, o erasmus é uma óptima experiência para aprender a ser independente - se bem que mesmo em Portugal sou eu que trato das lides da casa e da roupa e etc., que a minha mãe raramente estava em casa, mas mesmo assim, é diferente, tinha menos responsabilidades - mas é diferente aprender a ser independente (porque tem de ser, à força de sobreviver) numa situação "normal", no nosso país que já conhecemos, de aprender a ser independente num país onde há tantas distracções.
Still, é quase palpável o enriquecimento que esta experiência nos trás, por enquanto ainda não posso falar a nível académico porque ainda não tive aulas, mas a nível pessoal, é quase palpável o quanto se cresce, o quanto se evolui, o quanto é enriquecedor.
Still, é quase palpável o enriquecimento que esta experiência nos trás, por enquanto ainda não posso falar a nível académico porque ainda não tive aulas, mas a nível pessoal, é quase palpável o quanto se cresce, o quanto se evolui, o quanto é enriquecedor.
E apesar de ter uma rede social bastante forte - algo que nunca pensei conseguir para o tempo a que cá estou - por vezes caio em mim de que, realmente, estamos sozinha num país diferente pela primeira vez e tenho de me organizar, e eu até sou organizada, mas lá está, em Portugal... aqui é tudo uma big mess. Sou uma pessoa de rotinas mas aqui ainda não consegui criar nenhuma, com tanto que há para absorver. E eu, sem rotinas, sou um desastre... gasto o triplo do dinheiro, esqueço-me de comer (ou só como porcarias), durmo de menos ou durmo demais, não dá, eu sem rotina não sobrevivo 5 meses.
Apesar de hoje ter acordado mais self-conscious da minha "nova realidade" e das coisas já terem acalmado um pouco por aqui, devo dizer que, de entre todas as experiências erasmus que já ouvi/li, eu estou a ter a melhor e mais fácil adaptação de sempre. Estranho (no sentido de ser novo) algumas coisas por aqui, mas acho-lhes piada, em Holanda sê holandês, se eles fazem X aqui, eu passo a fazer X aqui, mesmo que toda a minha vida tivesse feito Y.
Acho que em termos sociais eu sou um pouco "bipolar", tanto me dá para ser tímida e não ter coragem para falar com ninguém (odeio ter essas fases), como sou altamente extrovertida, sociável e adoro meter conversa. Felizmente (!!!) cheguei aqui com a fase-extrovertida, determinada e com força de vontade para me integrar, desse por onde desse. É raro ao 4º dia já ter onde ir e pessoas com quem estar, à distância de uma phone call, numa experiência erasmus. Estou contente por isso. É tão estranho, se se passou tudo o que se passou (e nem tenho eu escrito metade do que se passou) nestes 4 dias, nem sei o que esperar de toda a semana, de todo o mês, e de todos os 5 meses e 16 dias.
Acho que em termos sociais eu sou um pouco "bipolar", tanto me dá para ser tímida e não ter coragem para falar com ninguém (odeio ter essas fases), como sou altamente extrovertida, sociável e adoro meter conversa. Felizmente (!!!) cheguei aqui com a fase-extrovertida, determinada e com força de vontade para me integrar, desse por onde desse. É raro ao 4º dia já ter onde ir e pessoas com quem estar, à distância de uma phone call, numa experiência erasmus. Estou contente por isso. É tão estranho, se se passou tudo o que se passou (e nem tenho eu escrito metade do que se passou) nestes 4 dias, nem sei o que esperar de toda a semana, de todo o mês, e de todos os 5 meses e 16 dias.
Anyways, I'm already in love with Amsterdam. <3
Obs.: peço desculpa pelo meu português, eu costumo escrever melhor do que isto, mas estou a perder a prática e o meu cérebro está em "english-mode".
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