quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Um ano depois.

A minha experiência de Erasmus acabou há pouco mais de um ano, e eu podia jurar, não apenas por ter relido muito do que ficou para trás mas especialmente porque tenho uma memória física e espiritual do que me aconteceu (e do que eu fiz acontecer) nesse ano, que nunca mais voltei a sentir ou a viver algo tão intenso como aquilo.

Esta sensação carrega em si uma certa dose de melancolia e é com certa angústia que o digo. Sei que tenho ainda tanta vida pela frente, e sei que aquela foi apenas a primeira das melhores experiências que alguma vez vivi. Ainda carrego, comigo, a tal caixinha onde guardei todos os momentos, as histórias, as vivências, as memórias, os cheiros, as emoções, e de vez em quando gosto de abri-la.  Resolvi fazê-lo agora. Não me perguntem porquê.

Desde então, quase todos os dias, ao acordar, sinto que algo me falta. De certa forma, por ter vivido algo tão intenso, o não vivê-lo só por si faz-me ter a sensação de que estou a perder algo. De que devo estar a perder algo. De que a minha vida agora, se aproxima àquela que eu criticava tanto nos outros: viver normal? pensar normal? fazer coisas normais? Mas porque é que eu alguma vez fiz isso, e porque hei-de voltar a fazer?! E deixei que voltasse a fazer. Deixei que me fizessem voltar a fazer.

Não deixo que este algo, que me falta, no entanto, me incapacite ou imobilize. Não deixo de viver, ou pelo menos de querer viver, não deixo de progredir, ou de querer progredir, não deixo de me levantar, ir à luta, ainda que tantas e tantas vezes simplesmente não me apeteça. Mas sei que isso seria uma atitude passiva perante a vida, e nunca me deu para isso. Por outro lado, esse algo que me falta, é o que me move. É o meu combustível. Eu sei que já senti e vivi tudo aquilo, e portanto, sei que é possível sentir e viver tudo aquilo. Assim, eu não cruzo os braços, raramente desisto e sempre admito a possibilidade de voltar a sentir e a viver aquilo tudo, e tento fazê-lo no meu dia-a-dia, ainda que sem sucesso, na maioria dos dias. Hoje, posso dizer que nunca me passou aquele choque pós-Erasmus; ainda que bastante diminuído, ainda que me tenha adaptado, que tenha voltado a viver a minha vida cá e que a tenha enchido de novas pequenas experiências, muitas delas verdadeiramente ricas e maravilhosas e novas, ainda que nunca tenha deixado que esse choque me impedisse de nada, nunca me abandonou, essa sensação. Nunca por completo, pelo menos.

As mudanças interiores vieram para ficar. Nunca tinha apreciado tanto os pequenos prazeres que nos passam despercebidos, na maior parte das vezes. Pode ser um céu azul ou uma máquina de picar gelo. Há coisas que me fascinam de tal forma, só porque sim. Só porque fascinam. Não precisa haver nenhuma razão especial. Tantas vezes não entendem porquê. Eu digo "olha! olha tão fixe! não consegues ver como isto é lindo?!", e olham para mim como se eu fosse uma criança que acabou de desenhar uma cobra que comeu um elefante, e pensassem que era um chapéu (O Principezinho, claro). Mas eu, de certa forma, mantive (fiz questão de manter) a minha pequena wonderland. Aquela para a qual fujo, como um escape, quando simplesmente me farto de lidar com a realidade. E farto-me muitas vezes. Tantas vezes! Pelo menos uma vez por dia. Quando o desajuste extremo que experiencio frequentemente entre o que eu sou na minha essência e a sociedade em que me insiro. Entre o que eu sou na minha essência e o que querem que seja. A tantos níveis diferentes!

Talvez, muito provavelmente até, estou a ser exagerada. E sobretudo injusta. A minha vida não é nada má. As pessoas que me rodeiam e apoiam e são próximas, estão longe de ser "más". Este problema não é mais do que apenas meu e na minha cabeça, talvez. É eu sentir-me presa dentro de mim própria, mas sobretudo, experienciar um tipo de solidão que apenas recentemente descobri. Não é a solidão física, mas sim a solidão de chegar à conclusão que ninguém (ou poucas pessoas, ou as pessoas que quero que o compreendam mais que ninguém) compreende o que sou, e especialmente, as experiências que me tornaram o que sou.

No fundo, o que se passa é que durante um período de tempo, eu senti que não tinha tempo. Que não tinha fronteiras, nem limites. Nem regras. Nem conceitos objectivos de certo e errado, de bom e de mau, de "deves fazer" e de "não deves fazer". O que eu estou a tentar dizer não passa de uma pura falta de ajustamento e negação da realidade; da realidade que tem "certos" e "errados" fixos, da realidade que permite ou não permite. O que dá origem a uma sensação de privação de liberdade. Liberdade não só de fazer. Mas sobretudo, liberdade para ser.*

Não é mais do que isto. Mais de um ano depois, é este "isto" que chateia, que é a pedra no sapato, que faz sentir que algo falta.

Talvez volte a escrever daqui a um ano, com uma perspetiva diferente e, espero, melhor.


* Quando eu me refiro a liberdade para ser, refiro-me a isto: não ter de corresponder a expectativas ou viver a vida segundo regras, asfixiar por completo o meu espírito livre, como: "tens de ter um curso para ter bom emprego", "tens de ter bom emprego para ganhar dinheiro", "tens de ter dinheiro para viver razoavelmente bem e ter qualidade de vida", "isso faz-te mal", "isso está errado", "tens de fazer", "não podes fazer", "não devias fazer isso", entre outros.


sábado, 11 de agosto de 2012

Afinal, ainda não acabou.



É que há dias que ainda parece que estou em Erasmus... mas isso é porque estou a ter umas férias fantásticas:)

Bem, mas hoje venho aqui falar - e resolvi escrever mais um texto neste blogue dado o assunto ser relacionado - sobre a tão famosa depressão pós-erasmus. Não posso propriamente chamá-la de depressão. Se disser que fiquei dias em casa a chorar e a lamentar-me por ter voltado de Erasmus, seria uma mentira. Na realidade, a diversão foi, desde o início, e tem sido, mais que muita. Simplesmente meti na cabeça que acabou, e que foi tão bom, mas tão bom, mas só a melhor experiência de sempre, mas apenas isso mesmo, uma experiência, algo temporário, que como tudo, teve o seu fim. Mas houve certas coisas que mexeram, e ainda mexem, comigo, aquando de ter voltado. Foi o voltar a uma realidade diferente, mas de alguma forma, semelhante, no sentido de passada, sendo uma pessoa tão mudada. Foi a confrontação com o antigo eu, com o espaço onde vivia, com a vida que levava, com as pessoas que me dava num tempo que parece ter sido tão distante (objectivamente foi só 1 ano, ou 11 meses, mas para mim pareceram passar-me 2 ou 3 anos). Foi a confrontação com o voltar à vida que tinha antes e aperceber-me aos poucos de que as pessoas não mudaram nada, para elas tudo está na mesma, e por isso mesmo não entendem o quanto eu estou diferente, o quão mudei inside-out, esperarem que seja a mesma, que tenha as mesmas reacções que tinha antes.

Ultimamente, tenho vivido, como eu gosto de lhe chamar, on the edge. Sempre no limite, de tudo. No limite da felicidade, da paixão, do amor, da admiração pela vida e da vontade de viver. Mas também no limite da paciência e da tolerância pelo ambiente que me rodeia; qualquer coisinha consegue irritar-me, porque apercebi-me de que há coisas, pessoas, situações e, principalmente, atitudes, que aceitava e "engolia" antigamente, mas que agora não suporto e nem suporto ficar mais calada em relação a elas, e por isso, desta vez, falo, falo sim senhora; e falo, e reclamo, e critico, e queixo-me, que isso para mim já não funciona, faziam de mim tudo o que queriam, mas agora já não, é uma questão apenas de me impôr e dar-me um pouco ao respeito.

Já para não falar nas pequenas coisas do dia a dia. As perguntas constantes pela parte dos meus pais, o que ando a fazer, o que vou fazer, o que fiz, se vou jantar, a que horas vou jantar, o que quero jantar, que tenho de comer mais fruta e vegetais e verduras porque faz bem à saúde e pepepepe, eu, que nem durante dois dias do meu período Erasmus tive qualquer tipo de rotina em relação a realizar refeições - comia quando me lembrava, quando dava, quando tinha fome, quando calhava. Se vou dormir a casa, em que noites vou dormir a casa, onde vou dormir se não for em casa, eu, que durante um ano, adormecia onde calhava e às horas em que me dava o sono, fosse à meia-noite, fossem às 9 da manhã. Se estou em casa, e que devia estar em casa, porque é muito tarde para andar na rua. Enfim!...  Não é que eu não os respeite nem que não dê o devido valor à preocupação (excessiva) que eles têm para comigo - na realidade, o que se verificou foi precisamente o contrário, a minha relação com cada um deles melhorou bastante, em diversos aspectos - mas é que às vezes dá mesmo vontade de mandar um berro e dizer "mas por que raio é que eu tenho de comer o que tu queres e às horas que tu queres?".

On the edge, é a melhor expressão que encontro para descrever, o que tem sido a minha adaptação de regresso pós-erasmus. Hoje faz um mês que voltei e ainda não me habituei à ideia de voltar a ser tão dependente dos meus pais e de estar tão sob o controlo deles. Foi um ano de pura liberdade para voltar e dar aquilo a que eu chamo de um gigantesco, enorme passo atrás com a minha vida. Mas bom, faz parte. E ainda me dá motivação extra para querer evoluir... 

sábado, 14 de julho de 2012

Coming back from Erasmus - last reflections & closure

Couldn't cry the whole time, which kind of amaze me, since I am a first-class-cryer and emotional – not even when I had to say goodbye to Jan, Roos and Eugene, my Erasmus best friends – to whom, by the way, I have to thank once more because they made me have such a nice last week and such a nice way to say farewell to Amsterdam. Maybe because I still couldn't believe that a whole year of my life – and such and intense and overwhelming one, in which years seem had passed to me! - could end up just like that, sitting on the gate alone, waiting for my 4 hour delayed flight. Inside I was crying, though. Of insecurity and even a kind of fear, and my head full of questions about coming back: and now what? What am I supposed to do with my life? What expects me there? What if people don't accept the new me, that I am such a different person now from when I left? Will I feel comfortable at home again? Will I feel like I belong? Will I feel alone? Because in this space that doesn't belong to any country or culture, I didn't know where I belonged, or even if I ever would feel like I belong somewhere, like I felt all the time, since the very first time I put my foot out of the airplane, last year, in Amsterdam.

When I saw my father at the airport of Lisbon, all of that went away, or big part of it. I suddenly felt like home, in that little and fucking disgusting airport of Lisbon (Portela, who knows and can compare with other airports, namely Schipol, knows what I am talking about), with that little sweet man that gave me life and educated me astonishingly well waiting for me at the arrivals' hall. I felt secure again. I could finally have a hug after such an exhausting (in every sense) day. I could finally say, face to face, “tive tantas saudades!!!”. When I got home, I had such good surprises: from my mom, who cleaned and decorated my room and even put a white dress laying on the bed and gave me the greatest welcoming; and from two of my absolute best friends, Vera and Alexandre, waiting for me (for hours, even though I was very late). I felt so loved! So protected and welcomed! Such a warmth! And such an immense feeling of belonging! I am so grateful for having the parents and family I have: all crazy in their own way, but undoubtedly THE BEST, always there for me at the worst times!

And then, finally, I could cry. I just needed to, cry it all out I cried so out loud, without any shame anymore. All I was repressing for the whole day, and the realization that yes, it has come to an end. This crying had in it a pinch of happiness, though; happiness for having this: after experiencing such an extraordinary year, having some of the people I love most in this world, waiting for me in the right same place I left. This crying quickly turned into laugh. And into hugs. And kisses. And friendship. Brotherhood. I would even say, love. We talked until late, we went to sleep with the feeling that not everything was talked through, but who cares, if we have all the time in the world. We woke up together, and laughed some more. Nothing really changed here, actually. Its all the same. We do the same things. We love each other the same way.

The second day, I was feeling so great. The same feeling I had on the 1st days in Amsterdam, even though I had been crying for leaving home. I went on the street, confident that I could conquer the whole world and do whatever I wanted to. I fell powerless for having the ownership of my life; of my body; of my mind. Somehow, I was enjoying this feeling of power and superiority, I can even say this will sound very bad but this is what I felt: better than anyone else I saw or heard around me; I just felt – specially from some conversations I occasionally heard, mainly from posh (the so known in portuguese “betinhos”) and spoiled and superficial people with nothing at all inside their heads – that this people are so limited and have so little to explore, that I was the one with who you can have an interesting conversation because I've been through it all. I felt like going there and shake them and say something, like wake up for life, stop being so stupid, stop saying so much stupid stuff, you don't know anything.

I was all day out and enjoying being in a totally different environment... again. Because, yes, I may have been living here for 21 years, but I never really saw the city, not only on a material level, but also the spirit, the ambiance, the vibe, the air Lisbon breathes, the so characteristic smell it has. I had such a nice feeling of re-discovery. Looking at the streets outside, and people talking in Portuguese instead of Dutch (like I was so used to, it was so familiar already, dutch was such a normal language to hear and read everyday so many times a day), and big adds on the street in Portuguese, and having to switch to portuguese-mode when talking to someone, saying “pode dizer-me por favor” instead “could you please tell me”, “desculpe” instead of “sorry”, saying “ok” with portuguese, rather than english, accent, and trying to put my mind off english-mode (didn't work, because I was feeling like Portuguese was my second language and sometimes I even had to stop to think about what I wanted to say).

Re-disconvering the beautiful nuances of my own language, as for example, the word “maravilhosa”. The word “maravilhosa” is maravilhosa, and I had never noticed it. Everything, every little thing around me, from the language (the most shocking) to the way the city is built and the way houses are different, and there is no more grachts (Amsterdam water cannels) anymore, but other things that don't exist in Amsterdam. It was like rediscovering something I already new, but with different eyes. Because, yes, the city, the places, the people may be the same. But from inside, I can not even put on words how much I changed. And how much, now, I take a closer look and appreciate it in a different way.
The only things that annoyed me - and then I thought "welcome to Portugal" - was the hard time one gets when trying to get things done; Internet installation, doctor's consultation or even asking a passport (since I'm going to Mozambique in September), it was really annoying, because I had to wait so much time, for things that could be done in 10 minutes, took hours because people are doing other things, talking on the phone, talking to friends, oh well, the TYPICAL PORTUGUESE INCOMPETENCE. But well... it's a part of the package, I was used to that before I went away and now I have to get used again, nothing really changed there either.

So, finally, and after having underestimated how good – in its own way – it would be to come back, I just accepted my Erasmus came to and end, and I'm glad to have had the opportunity to do so, and all good, spectacular, marvelous things and people (specially people!!!) that came along with it. I don't think any further reflections on my experience are really necessary. I pretty much wrote all about it on this blog (even though sometimes I was a bit careless, I tried to write most of it).

Even so, a last reflection on the positive impact this experience had on me and my life, today I can say the following:
  • I am a better person; at least, I try to be, the best I can for the world and for others; I am far less egoistic
  • I have such an improved relationship with my parents and close friends; but specially with my parents: I can now open my heart to them in a way I couldn't before, because somehow, and due to some past situations, I was angry inside – which brings me to my next point 
  • I stopped being mad inside, and not showing it; I just confronted myself at some point, and decided to internally forgive some things that happened in my life and that made me suffer at some point; I stopped having old resentments inside me. I decided it was time to start working in a more open relationship with my parents, for example (as mentioned above); I used to feel mad at them because they put me through some bad situations when I was younger, but now, I feel like it doesn't even matter because they did such a great job in raising me, and now I feel closer to them than ever, and instead of thinking “oh nooo” when one of them calls me or approaches me in some way, I am now more open and talkative; I think I have more to thank them, than to criticize them on their parenting ways (crazy)I am much more open, tolerant, and specially, PATIENT! (before I got angry if I had to wait 30 min for a doctor's consultation; yesterday I waited 4 hours in a stupid flight gate, depressed as hell, but everything was ok and the waiting was not the worse); I even discovered totally different ways to face and live time (the book “Geography of Time”, by Robert Levine – recommended, by the way – helped me quite a lot in the Time question, but mostly for own experience), and I feel like I have more control over my time and the way I want it to pass by, than before
    • I am much more independent and autonomous in diverse situations: I don't really need anymore to ask immediately for help if I have a problem; instead, first I try to fix it on my own, with my extra patience that I accomplished
    • I am much more selective when it comes to people; I realized that no, I don't want to be friends with everyone, like before; and I definitely don't have to be nice to everyone. I had the privilege of knowing so different people, that in a way, it made me realize which kind of people I want around me and/or to have some influence on me
    • I know much more about myself; I traveled places inside me I never had, and I found out so much stuff, I answered to questions I used to spend hours and hours asking myself and even others, I actually had the answer all along with me, but I didn't want to accept it, because I didn't want to do so. But now, I don't care if for other people is not normal; a good example of this point is the alcohol consumption: I always hated it, but I still did it because of others expecting me to do so, and I didn't want to admit to myself, I am not the type of person of drinking until puking and going party really hard; my scene is totally different, and today i'm comfortable admitting it. Period. Of course this alcohol thing is just a stupid example; I'm talking about much deeper questions about who I am and what am I doing with my life; I simply didn't know, or knew but wasn't confident enough to assume it; now, I am. Which brings me to my next point
    • I am much more confident now; I just accepted the way I am and stopped trying all the time to seek for external approval or to change myself because it corresponded to social/external criterion of what is good, and what is acceptable, and what is cool; and so what if I do this and that? I do my way, and I feel confident on it. I create my own criteria of what is “good” (even though this is such a subjective concept), and I follow it my own way. Somehow, I would even say I have the feeling I can accomplish WHATEVER I want – which brings me to the next point
    • I stopped listening to people that think they can tell me what to do or how to do it; I always hated, inside – but never really told it out loud – when I told my ideas or my plans or my goals to someone and that someone said “you shouldn't to that way, but this way”, or starting with talk like “that's no good for you”, “you shouldn't” “you must”, “why don't you do this way, is better”, or even, what was WORSE, “that's so stupid!”; in portuguese, I would listen to this very often “não sejas parva, não faças assim, faz assado”. I don't stand it anymore, I don't take that bullcrap anymore – specially because I eliminated that kind of people from my life. Fuck, we get what we give to other people, in the end of the day; I always accept people for who they are, without judging them, why the hell should I be judged?? Furthermore, when I share my ideas or goals with someone, is expecting it will be accepted; maybe not agreed, but at least accepted and without vain attempts to change my mind
    • in spiritual terms, I also considered I grew quite a lot: I am much more in contact with my spiritual side. Don't confuse this with religion; I still don't have a specific one and didn't find a reason to have it; I mean more in a transcendent way, I believe there's some kind of energy that we can not really see; maybe because I saw things I never had seen before and I had some transcendent moments and experiences – so priceless!!!!
    • at last but not least, the way I see happiness now, its a totally different way. I realized happiness is something that has to come from inside. It is not related to external objects or situations, but rather with the way we look at them.
I don't consider myself, with this, the most mature or right person ever, I just look at it as the very beginning of my inner growing and self-discovery path, a path that actually lasts a lifetime. I can never say “this is it, I know everything”, because that is dying for life and what it has to offer. And that would be a shame.
Now that I finally accepted in peace that this experience is over – it was great, fantastic, amazing!!!, but over – I just want to take all this knowledge, this precious “enlightening”, if you will, I got (not only knowledge about myself, as who I am, what do I want, what I do not want, but as well as the world outside and how to live in it), and use it the best way I can in my future life and live it to its fullest and the best way I always find to live it.

In sum, this experience was just... good, GREAT, GRAND, MARVELOUS, in every aspect. It was just good for me. Just good! I would say, in Portuguese, “só me fez bem”.

And with this last long reflections, I end up my blog about Amsterdam. It was a good space to write, whether about specific situations I lived on Erasmus, whether about the way I felt about them, and what I learned along the way.

Tot Ziens Amsterdam!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A última noite.

Ainda me lembro da primeira noite. As paredes estavam brancas, como estão agora. O quarto era triste, pouco acolhedor, não correspondia de todo às expectativas pelo valor da renda. Ao longo do tempo, fui enchendo este cantinho cheio de mim. Com as minhas experiências, com as minhas histórias, com as pessoas que me enchem o coração. Hoje, é a última noite. As malas estão feitas, as paredes estão de novo vazias, a cozinha está uma confusão porque houve festa. É angustiante, de certa forma, mas por outro lado, estou tão agradecida por poder ter vivido o que vivi, de tal forma que partir me deixa...triste. Em menos de 10 horas estou a colocar a bagagem à porta e simplesmente fechar a porta àquilo que foi um ano da minha vida. E o melhor, até agora.

domingo, 8 de julho de 2012

Erasmus & Amizades

As amizades de Erasmus são diferentes. São mais do que aquele amigo ou amiga que vive perto e a quem podemos sempre ligar. Nunca nos lembramos de dizer o quão preciosa essa amizade é na nossa vida, porque está sempre ali. Com as amizades de Erasmus, é diferente. aos amigos de Erasmus, queremos sempre deixar claro o quão importantes eles são para nós; como eles foram a nossa família durante um semestre ou mesmo um ano, como foram o nosso principal pilar de apoio, aquele amigo a quem podemos sempre acordar a meio da noite ou deixar um post-it a dizer "we love you". A este amigo, ou amiga, singular ou plural, queremos sempre que eles saibam o que significam para nós, porque nunca sabemos quando um deles vai estar a viver no outro lado do mundo, e quando poderemos voltar a estar juntos, quando poderemos viver, ainda que por breves instantes, alguns inesquecíveis momentos-Erasmus.

Não menosprezar, com isto, as amizades de casa. As amizades de casa são extremamente beneficiadas com a experiência Erasmus. Porque, de repente, deixamos de poder vê-los. Ou estar com eles, ou sair com eles, ou rir com eles, ou cantar com eles. As amizades que ficam em casa, se forem verdadeiras, fortalecem com a distância. Nem todas, no entanto. O que aconteceu comigo, e o que acontece com a maior parte das pessoas que passam por esta experiência, é que as amizades de casa que não eram assim tão fortes, acabam por desaparecer, aos poucos e poucos. Não há paciência, nem tempo, nem vontade, para tirar aquele bocadinho de tempo da nossa vida maravilhosa de Erasmus para ligar o skype e falar com aquelas 50 outras pessoas com quem só convivíamos porque tínhamos aulas em comum. Não. A vontade de fazer isto só acontece com aquelas 2, 3, 4 pessoas de quem queremos absolutamente saber tudo; tudo o que se passa na vida deles, e como seria se eu estivesse lá, e como vai ser quando estivermos juntos de novo, e a falta que eles me fazem.

Perdi alguns amigos, neste caminho. Tenho menos gente a quem verdadeiramente "voltar" do que as que tinha de "deixar" quando parti. Tenho menos pessoas à espera no aeroporto, menos pessoas a quem ligar, menos pessoas que me vão ligar, mas por outro lado, são tão mais especiais; são amizades que fortaleceram com a distância, que cresceram, de certa forma, com a distância.

O tipo de amizades que formamos e que queremos manter tambem muda, bastante. Se dantes era demasiado simpatica e querida porque queria ser amiga de toda a gente - mesmo das pessoas que nao gostava, e que desprezava - hoje posso dizer que estou bem mais selectiva neste aspecto. O facto de ter conhecido pessoas TAO diferentes ensinou-me a olhar melhor, a seleccionar melhor, o tipo de pessoas que quero ou nao na minha vida, ou ate mesmo que tenham alguma influencia em mim. Podem chamar-me de arrogante por dizer isto, mas a forma de como me apercebi de como certas pessoas nunca me fizeram assim tanta falta, nem aquilo que tinhamos se poderia chamar de amizade, tornou-me uma pessoa mais inacessivel para a maior parte das pessoas, mas mais aberta e tolerante e bem melhor amiga dos que realmente sao meus amigos.
Para finalizar a minha reflexão sobre Erasmus e amizades (para a vida), coloco uma frase da Roos (melhor amiga de Erasmus do semestre passado, veio passar a última semana em Amesterdão comigo): "Dump 9 unimportant relationships for one special friend".

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mais algumas mudanças (tantas...)

Sou, hoje, uma pessoa diversa. Uma pessoa completa, com uma identidade renovada, novinha em folha, ainda tem aquele cheiro virgem. As experiências pelas quais passei, as pessoas que conheci, os locais onde estive, as aprendizagens que pude retirar de tudo, formaram em mim uma nova identidade.

Eu era uma pessoa insegura. Apesar de sempre mostrar confiança para os outros, por dentro as dúvidas eram mais que muitas. As questões sobre mim mesma, o que estou a fazer com a minha vida, o que sou, o que quero, o que não quero. A procura constante por reconhecimento alheio, o querer sempre chamar a atenção e pedir que me notem, que me elogiem, que eu seja o assunto de uma qualquer conversa, para me sentir importante.

Sou, hoje, bem mais confiante. De certa forma encontrei "a minha onda", a minha "zona de conforto" - estando perfeitamente confortável pisar fora dela, de vez em quando é preciso - "a minha cena". Sei hoje bem mais e melhor do que alguma vez soube aquilo que quero, mas sobretudo o que não quero. Estou confidente da direcção em que vou, sei para onde quero ir, sei o que quero alcançar e estou disposta a lutar por isso. Estou segura e confortável com o que sou, com o que gosto de fazer, com quem gosto de estar, em que alturas e situações fazer ou agir de certa forma.

De alguma forma, esta experiência foi uma "wake up call"; como um abanão para a vida, um empurrão - o melhor que se pode ter para sair da adolescência e entrar na vida adulta gradualmente, por isso sempre aconselho a outros estudantes fazerem erasmus... - que me fez de certa forma abrir os olhos e estar mais "aware", consciente, do que quero, do que não quero, do que é melhor para mim de futuro, do que aprendi e de como posso aplicar esse conhecimento, sei melhor o que preciso! 

Conheço-me, hoje, bem melhor do que algum dia conheci. Este ano conheci-me tão bem, tão bem, fui a locais dentro de mim mesma aos quais nunca tinha sequer pensado em entrar. Foi, definitivamente, um dos efeitos mais positivos que a experiência Erasmus teve na minha vida e na forma como a vivo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma [GRANDE] mudança.


Nunca fui pessoas de grandes mudanças; nunca nos demos bem, enfim. Cresci com uma família demasiado desequilibrada e nunca gostei da sensação de mudança constante; entre casas e pessoas com quem vivi e escolas e grupos disto e daquilo. Nunca me permitiu criar grandes raízes num local específico, e por isso, hoje em idade adulta (ainda que jovem), sempre procuro pelo máximo de estabilidade possível. Não quero com isto dizer que não ache que mudanças não sejam precisas, de vez em quando. Vir para aqui foi uma mudança gigante na minha vida em todos os aspectos, ainda assim, uma boa. Muito boa! Mas prefiro que estas mudanças aconteçam com menos frequência e que me permitam um bom período de estabilidade após a instalação da mudança.

O meu quarto de Erasmus foi um exemplo extremo da minha necessidade de me sentir em casa. Ainda que inicialmente só estivesse cá por 5 meses, instalei-me e senti-me, literalmente, em casa. Investi de tal forma, não só a nível material, mas emocional, muito de mim fica nas paredes deste quarto.

Hoje, tive de começar a pensar em organizar-me. O meu voo de volta está marcado para daqui a uma semana. Eis de que me apercebi de que uma grande, grande - daquelas que eu não gosto nadinha - mudança vem aí a caminho. E o processo de mudar? O processo de despir este quarto, este local onde vivi durante um ano, este local que alberga tantas histórias e experiências e memórias e tanto, mas tanto de mim? Este local por onde tantas pessoas especiais passaram e deixaram a sua marca? De certa forma, o seu perfume, o seu encanto, e os bons momentos que passámos juntos.

É um processo complicado: acredito (aposto, pelo menos) que todos os estudantes Erasmus que tiveram uma experiência inesquecível, passaram por esta fase uma semana antes da partida. É como que a materialização daquela mudança que adiámos durante um ano. Aquela que sempre pensámos "quando"...como se fosse um futuro assim tão distante. Não é. No fim, o tempo passou bem mais rápido do que desejável ou desejado...

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I never liked change that much; too much of big changes frequently in time get me depressed and desoriented, I like stability. Today, looking at this room that represents so much more than just a room, that represents stories, experiences and memories, a home, a sense of belonging, I realized how this change process is too much of a big and complicated process to digest in only a week. So little time!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Weltschmerz and loose thoughts.

Desde o primeiro dia em que o vi. Tive esta visão, muito vaga, muito momentânea, muito distante. O rosto dele envelhecido, com rugas, cabelos brancos de sabedoria e experiência, aquele olhar tão dele, tão intenso, no meu, como se nos conhecêssemos desde sempre. Desde o primeiro dia em que o vi. Ali, num momento indiferentemente importante, numa qualquer noite de Erasmus. Não ignorei esta energia que senti, quando o vi pela primeira vez. Não ignorei e não ignoro, porque com esta experiência aprendi, a esperar até do mais inesperado e daquilo que parece mais impossível num dado momento no tempo. Porque todos os momentos, após esse contacto inicial, foram para mim pequenas conquistas. Pequenas batalhas, pequenas surpresas, pequenas bênçãos. Porque todos esses pequenos passos e pequenas conquistas foram surpresas; porque nunca esperava mais de nada do que aquilo que me parecia realista esperar; mas porque sempre me permitiu esperar um pouco mais, um pouco mais e um pouco mais; até um dia que chega, como o dia de hoje, e poder dizer: eu, realmente, nunca esperava que tudo se tornasse como é hoje, mas já espero, do futuro, bem mais do que esperava inicialmente.

Se me perguntarem se acredito em destino, a resposta é incerta. Acredito que tenho grande poder de controlo sobre a minha vida e o meu futuro, mas há coisas, eventos e pessoas e coisas que acontecem na vida que me levam a levar as mãos à cabeça e pensar: isto só pode ser destino.

Hoje, este dia é diferente; é diferente daquele dia, e é diferente de todos os outros. Um dia distante, algures no passado, separado do hoje por um imenso corpo de pequenas histórias que escreveram a página do deste dia. Hoje, no comboio, deixei a paragem onde tinha de sair, passar. Cabeça mil à hora, overwhelming, de pensamentos e sensações, quebro, choro, não de tristeza mas do facto de tudo ser tão tão e tão esmagador, óculos escuros para ninguém ver. Lembro-me de um dia em que me disseram, quando era pequena "que menina tão bonita, que fica feia quando chora"; a minha forma de estar, desde esse dia, é a de sorrir, sempre. Talvez porque queira mostrar o meu lado de "menina bonita"; não me despir por completo nem mostrar a minha fealdade, nem aquela de dentro, nem aquela de fora. Aquela que todos possuímos, de alguma forma.

Hoje, a forma que o tempo tem de ser surpreendeu-me. Mostrou-me como o passado pode ser tão distante quanto presente e mesmo ali ao virar da esquina. Como cada momento que passou foi tão intenso e ficou tão cravado na memória que não passa mesmo do que passou, um passado relativamente distante, e no entanto, presente como tivesse acontecido ainda ontem. E um futuro que sempre parece distante mas que voa a uma velocidade desorientadora. Aquele futuro sempre tão preenchido de pontos de interrogação, destinos adivinhados, previstos ou inesperados, planos não cumpridos, quarto suficiente para surpresas e coisas boas que surgiram porque sim, porque era hora, porque era tempo, não porque estava escrito, mas porque merecia um dia ser escrito sobre. Aquele futuro, sempre tão vago, e no entanto sempre tão aqui, sempre cada vez mais perto, umas vezes maravilhosamente perto - a antecipação do estar, do ser e do acontecer quase, da excitação das vésperas, dos dias antes, de faltar uma hora para - ora inconfortavelmente perto, porque apetece ficar no quentinho e na bolha da certeza do presente.

Hoje apercebi-me de quão perto está a hora. Aquela hora que parecia estar igualmente distante quer há um quer há 5 meses atrás, mas que agora está (inconfortavelmente) perto: a hora de fazer as malas, e ser a última noite neste quarto que guarda tantas histórias, a hora de entrar no avião com um bilhete de volta a Lisboa, desta vez, só de ida. Hoje apercebi-me de que este momento nunca esteve tão perto e a tocar tanto no meu nariz, como hoje.

Hoje, apanhámos comboios diferentes. Largámos a mão. Fomos em direcções opostas, para um dia nos encontrarmos num país que um dia, talvez, quem sabe, poderemos dizer que é comum. Hoje apeteceu-me agarrá-lo e dizer-lhe "fica comigo, vem comigo, não fiques fora ou longe ou de mim nem por um minuto!" , arrastá-lo para o mesmo comboio que o meu em vez de dizer "corre, corre!" para o dele. Hoje, mais do que todos os outros dias - ou talvez não mais nem menos, mas exactamente na mesma medida, aquela em que o ar me falta de o ver partir, aquela em que não sei se hei-de chorar, gritar, ou agir da forma mais normal possível para que todo o mundo na estação não fique a olhar para mim com ar de pena porque sofri uma desolação de amor - quis que ele ficasse, que ele viesse, que ele não fosse. Simplesmente, que ele não fosse.

Hoje olhei para trás. Para todos os momentos e pessoas que me fazem poder dizer: agora sim, começou a minha vida a sério, e se houve privilégio que tive foi mesmo a de poder construir, bocadinho a bocadinho, esta imensa e pesada bagagem de experiências e histórias para levar comigo. Sou feliz. Hoje olhei para trás e pensei...

Este ano, foi irreal. Foi divinal. Foi intenso. Foi de pouco um tudo e de tudo um pouco. Este ano foi o que costuma ser 3 ou 4. Este ano foi o ano em que comecei - e só comecei - a crescer, a apreciar, a viver, a ser mais verdadeira, a estar mais conectada com o mundo que me rodeia, a terra da qual vim e para a qual voltarei. Este ano foi aquele que me permitiu acreditar e poder dizer: há coisas que, sim, só podem ter sido obra do destino. É impossível haver assim tanta sorte e tanto privilégio para poder ter tido as oportunidades que tive, e tê-las saber vivido com todas as células do meu corpo e uma mente aberta, sedenta de ser fertilizada, alimentada e estimulada por novas ideias, novas culturas, novas formas de ser, de viver, de existir, de acreditar, presentes no mundo. Tenho hoje comigo uma pequena caixa, que construí e enchi ao longo do tempo, cheia de coisas não palpáveis mas que enchem a alma, e o coração, e a vida, que transporto comigo para onde quer que vá, uma caixa que sei que posso e consigo abrir a qualquer dado momento. E isto não tem qualquer preço.


Hoje foi , enfim, um dia em que pude olhar para trás - para todos os outros dias em que algo de significativo aconteceu e determinou onde estou e o que sou agora - e fazer um ponto de situação. Hoje foi um dia, de alguma forma, de libertação. De organização temporal e espacial, de arrumação: de arrumar caixas, umas dentro das outras, encaixadas numa estrutura baseada em significados dados a experiências e memórias. Hoje foi um dia de realizações e mudanças interiores. Como tantos outros dias!...

terça-feira, 19 de junho de 2012

M83


Está quaseeeeeeeeeeeeee!

Nunca esquecer que esta banda foi a minha "banda sonora de Erasmus". Vê-los ao vivo é um sonho tornado realidade... Vou transpirar felicidade! :)

sábado, 16 de junho de 2012

If I could go back in time........










I wouldn't change a bit of my experience. Not a day, an hour, a second. I would live it all again, bit by bit... :)

domingo, 10 de junho de 2012

Sobre voltar - future-oriented? (*) // "The shock of returning home is often more jarring than that of leaving"

Apesar de ainda faltar algum tempo para voltar (1 mês), não posso deixar de ter pensamentos em como será daqui para a frente, como será com ele, o que vou fazer quando tiver de voltar a Lisboa, como vai ser. A perspectiva não é a melhor, para ser sincera acho que voltar vai ser triste de forma equivalente ao que foi de feliz e excitante quando comecei esta aventura. Apesar de achar que estou imune à terrível depressão pós-erasmus, porque o Verão vai ser preenchido, nomeadamente o Marcel vai estar em Lisboa um mês inteirinho, senão mais :), já a sinto a vir em meados de Setembro ou Outubro quando tiver de assentar, sair da bolha de algodão doce e felicidade que foi este ano e voltar à minha antiga realidade, sendo uma pessoa completamente diferente. Em geral, devo dar-me o devido crédito por ser uma pessoa com facilidade de adaptação, mesmo assim, não sei exactamente o que esperar desta mudança tão grande!

O início do meu Erasmus para mim, foi ontem, na semana passada, há tão pouco tempo atrás, porque a velocidade dos acontecimentos e das mudanças foi tão grande, que o tempo tem uma duração diferente e eu tenho uma perspectiva completamente contorcida do passar do tempo, mas o calendário diz que já foi há quase 10 meses e daqui a apenas 1 estou de volta for good, e terei de me despedir da vida que criei aqui, uma vida que criei como se ela fosse durar para sempre.

Habituei-me, acostumei-me, até quis ficar mais um ano para poder ter mais 6 meses desta vida, e agora está quase a acabar. Voltar, quando penso em voltar parece-me um tempo triste, um tempo vazio, e sobretudo, um grande passo atrás na minha vida - voltar a Lisboa, voltar a viver com a minha mãe, voltar à minha universidade, aos velhos amigos, aos conhecidos com quem não quero nem tenho interesse nenhum em manter conversas por mais de 5 minutos, aos autocarros da carris, e à minha vida que era tudo menos excitante - mas nada parece ser positivo, nem nada parece ser como foi aqui; "nada que se pareça", sequer. Como é que eu posso voltar aquilo que era, depois de ter vivido aquilo que vivi aqui?

Uma parte de mim é past-oriented: o que vivi, o que experienciei, as pessoas que conheci... (às vezes olho horas a olhar para fotografias ou a ler textos que escrevi e sorrio, e rio, e muitas vezes quase choro, de ver as memórias que criei, e as histórias que tenho para contar e como queria vivê-las de novo); uma parte de mim é present-oriented: ainda estou em Amesterdão, ainda tenho muito que aproveitar, a minha vida ainda é excitante e na realidade, eu devia mais estar a aproveitá-la no tempo que resta, do que pensar nestas coisas.

Outra parte de mim é extremamente future-oriented: o que é que eu vou fazer daqui para a frente? Nunca tinha pensado em como seria a minha vida depois de Erasmus, porque os meus planos dos últimos 2 ou 3 anos eram simplesmente...vir em Erasmus. Como se a minha vida acabasse aqui, e depois? Sim, claro, as coisas óbvias, acabar a licenciatura, tentar arranjar trabalho, provavelmente mestrado, evoluir na vida, quem sabe, ir viver com amigos, dividir um apartamento, para ter a experiência de viver com house-mates (em Erasmus, apesar de ser um ambiente bastante friendly e de nos conhecermos todos e convivermos todos, para todos os efeitos tinha um quarto privado e as despesas eram separadas, o que se aproximou da experiência real de viver sozinha). Quem sabe um dia mais tarde, viver com ele, como temos planeado, tirar o meu mestrado fora, aprender uma 3ª língua (alemão), construir um futuro diferente num local diferente, com pessoas diferentes. Ou quem sabe, investir mais nos projectos que deixei pendentes em Portugal antes de vir, o meu projecto Mulher XL, o primeiro livro que queria publicar, e o livro que quero montar agora, sobre a minha experiência Erasmus (sim, acho que já tinha aqui falado em como sou project-oriented e gosto sempre de ter algo em que investir e pôr um pouco de mim, por isso tenho sempre milhentos projectos ou ideias ao mesmo tempo). Na realidade, são tantas as coisas em que posso, quero, e provavelmente vou fazer; coisas nas quais quero pôr tudo de mim, como faço sempre, e fazê-las funcionar. Making it happening!

Sim, eu tenho tantos planos, tantos sonhos, e tantos projectos... O que me está a matar é a falta de motivação para tal. Porque eu sei que tenho coisas boas e que aprecio, na minha vida, independentemente do local em que esteja; mas nada nunca mais na vida se vai assemelhar à experiência Erasmus. Epa não estou com isto a dizer que nunca mais serei feliz e vou ficar deprimida para sempre; na realidade sou tudo menos depressiva e até mesmo quando estou triste acabo por me pôr a mim própria para cima. Mas estou, sim, a dizer que prevejo um início bem difícil, para ser sincera. Eu não quero ser future-oriented, acho que ser assim mata o tempo que ainda me resta aqui e as experiências que ainda vou viver, mas não posso deixar de pensar, que o que vai acontecer na minha vida daqui a um mês para a frente (ok, talvez excluindo o Verão, que vou passar com o Marcel, com o Jan, Vera, Alex, Sara, talvez Roos, em Portugal, e excluindo grande parte de Setembro em que vou a Moçambique e em que a Roos e o Willem me vão visitar a Lisboa nas duas últimas semanas) é um espaço escuro, um verdadeiro precipício, para o qual não sei se tenho coragem de me atirar... Apesar de saber que isto só vai acontecer lá para meados de Outubro e não antes disso, mesmo assim, está mais próximo do que seria desejável.

Acho que estou a antecipar demais a depressão-pós-erasmus. Mas tenho quase a certeza que vou senti-la bem forte quando o momento se aproximar mais e mais...

Ainda não assimilei a 100% a ideia de voltar. A ideia de acabar. Prefiro pensar em termos de recomeço: daqui para a frente será um capítulo totalmente novo e, quem sabe, me surpreenderá pela positiva. Por vezes penso até que está na altura de voltar, que é altura certa; que tudo acontece por alguma razão, que o universo tem a sua própria maneira de "working things out", que tudo acontece no tempo em que tem de acontecer. Foi um ano, foi o que foi, com tudo de bom, está na hora de voltar ao planeta terra. Se calhar até vai ser melhor do que eu estou a pensar, se calhar até estou a ser negativa demais. Não sei, e sinceramente deixei de ter expectativas, porque se houve coisa que aprendi este ano foi que o futuro - o futuro que é feito de pequenos presentes e eternidades momentâneas - sempre me surpreende de dia para dia. 

Além disso, e o mais importante de tudo, é que sou neste momento a pessoa mais feliz do mundo. Em geral e no particular. O dia de hoje foi tão, mas tão bom. Foi tão cheio e preenchido de coisas boas. De pessoas fantásticas com quem dá um prazer enorme conversar, estar, e até conhecer. Um dia daqueles que me fazem pensar, antes de ir dormir, fogo! que sortuda que eu sou; que privilegiada que eu sou, por ter tido as oportunidades que tenho tido na vida, e por ter sempre sabido aproveitá-las no tempo certo. Fogo, mesmo, que vida, que experiência, QUE CENA! Só tenho coisas boas a retirar desta experiência e uma bagagem de aprendizagens tão grande!

Sim, hoje foi um dia (muito) bom... felizmente, estes são mais do que os dias "menos bons".

(*) conceito retirado do livro "Geography of Time"

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Don't tell your ideias to anyone, because ideas are vulnerable" *

às vezes, tenho ideias. e tenho ideias tão complexas e loucas e por vezes geniais, ideias que amo. depois, tento contar as minhas ideias aos outros. tento fazer com que eles também amem as minhas ideias. os meus pensamentos. o que vai aqui dentro.

na minha vida inteira, posso afirmar, as pessoas que encontrei e que compreendem as minhas ideias, podem ser contadas pelos dedos de uma mão. são pessoas especiais e que demorei a encontrar, demorei muito.

hoje, apesar de ainda ter a mania de impingir as minhas ideias aos outros e persuadi-los a amarem as minhas ideias como eu as amo, perdi o hábito de perder tempo a expôr-me dessa forma a quem não merece. aprendi a distinguir com quem vale a pena partilhar, ou não. sempre fui pessoa de dar demasiada confiança a toda a gente, de ser simpática até para quem mais detestava. por isso sempre tive essa imagem de menina queridinha e que está sempre a sorrir e de quem todo o mundo sabe tudo. hoje, posso dizer que isso mudou. deixei de me preocupar, passei até a ignorar, quem não é mais importante para mim ou quem nunca me deu importância.

não preciso de mais nada nem mais ninguém para me sentir uma pessoa compreendida.

estou, sobretudo, em contacto comigo mesma, mais do que nunca.

(*) letra de: Bon Idee, Regina Spektor

terça-feira, 5 de junho de 2012

Fuck the pain away



É a espera. A espera é o que mais me irrita e impacienta. Eu já de mim não sou uma pessoa muito paciente para esperar.

Ontem, chorámos, ambos, na coffeeshop antes de ir para a estação de comboios. Não sei o que aconteceu, talvez tenha sido destino ou feitiço, mas este amor é o mais forte que já senti desde sempre; nunca eu tinha chorado - e nunca um namorado meu tinha chorado à minha frente - por ficarmos separados durante (apenas, objectivamente falando, não é assim tanto) duas semanas.

O tempo com ele é, simplesmente, mais leve, mais bonito, mais prazeroso. O mundo é o melhor local na terra, desde que esteja com ele. Quer vamos sair num dia de sol ou fiquemos em casa em dias de chuva, e não importa realmente o que façamos, desde que estejamos juntos, a companhia dele é tudo para mim. Não consigo ver este quarto sem ele. Não consigo ver a minha vida sem ele. De facto, toda a minha vida está impregnada dele. O meu passado - 3/4 do meu Erasmus que foram all about Marcel - o meu presente e, claro, o meu futuro. O nosso futuro.

Nunca pensei "sair" do Erasmus com um namorado, mais que um namorado, um amor para a vida. Nunca pensei que o meu 2º semestre, a 2ª parte do meu Erasmus, fosse tão intensa assim; a primeira parte foi o que foi, a segunda parte está a ser uma transformação enorme na minha vida e na minha pessoa; não só por todas as transformações que sofri este ano e por agora, finalmente, estar a realizar a ideia de que está quase a chegar ao fim (pouco mais de um mês para voltar) - e, claro, que me faz pensar e sobre-pensar sobre como vai ser quando voltar, a ruminação de toda a aprendizagem acumulada este ano e da bagagem enorme que vou levar de volta e como vou aplicar este conhecimento à minha vida futura. Mas sobre isso, falarei mais tarde.

Por agora, só posso dizer, que sou a pessoa que mais saudade sente neste mundo. É uma saudade tão abaladora, é um sentir falta de algo que me completa. Mas, se me perguntarem, também digo que sou a pessoa mais feliz. E não preciso de muito para tal. Podia ficar horas e horas com ele, fechada num espaço sem fazer absolutamente mais nada, e continuava a ser a pessoa mais feliz. Eu, que detesto não ter nada que fazer e invento sempre qualquer coisa; com ele isto nunca acontece: tudo o resto perde a sua (relativa) importância porque eu quero sempre e sempre apreciar e aproveitar a presença dele. Sim, ontem, chorámos os dois numa coffeeshop, com um charro na mão, lenços espalhados pela mesa, inúmeras juras de amor trocadas. Se isto não é amor, não sei o que lhe chamar. Apetece-me abanar o mundo e perguntar porque és tão injusto em me fazer encontrar alguém tão perfeito para mim, mas que tem uma vida construída num país diferente do meu. E, ainda que a ideia de mudar de país seja tentadora para ambos só para ficarmos juntos e podermos construir uma vida juntos, a mudança é sempre enorme e não acontece do dia para a noite. É todo um processo...

Ontem, quando voltei a casa, o cheiro dele ainda estava bem presente no meu quarto. E este perfume - só o perfume! - fez-me sentir tudo ao mesmo tempo, tudo o que alguma vez senti e sinto em relação a ele: o início e como tudo começou, os pequenos momentos e eternidades que ficaram e ficarão para sempre, as experiências que tivemos juntos; foi triste, mas ao mesmo tempo, uma motivação extra para lutar por aquilo em que acredito: um futuro em comum. (acho que associei o perfume dele a estas coisas, sempre foi o mesmo, e lembro-me de pensar, ao início, quando ainda nada era certo e só estávamos on-off, hmm este perfume é mesmo bom, e é dele, e só dele. É o cheiro dele).

Sei que vou sobreviver. Apesar da dor emocional de estar longe ser fisicamente realizada: juro, eu sinto mesmo um aperto no coração, fisicamente. Sei que vou sobreviver estes 17 dias, como sobrevivi antes, em todas as outras vezes em que contámos os dias para nos vermos na próxima vez. Mas hoje, sei que este aperto no coração não vai passar. Sei que não vai parar. Sei que magoa. Sei que me sinto triste e angustiada e de alguma forma vazia, ainda que tenha os melhores amigos do mundo e uma vida fantástica que me impedem de ir abaixo, que me fazem querer continuar a aproveitar esta experiência. Mas também sei que este sentimento é bittersweet; sei que de alguma forma estou feliz por ter encontrado alguém que me faça sentir assim; e que, sobretudo, me faz sentir 1000 vezes mais feliz em intensidade, quantidade e qualidade, quando estamos juntos. Sei que à medida que os dias passam, este aperto vai-se transformando aos poucos no friozinho na barriga e antecipação boas de sentir nos dias que antecedem o dia em que vou vê-lo de novo. E é isto - e são todas estas coisas, que preenchem a minha vida - que, de alguma forma, me conforta.

Sim, a espera é o pior. A espera, a distância, o tempo que duas semanas demoram a passar quando estou longe dele (sim, parece-me ser muito mais do que duas semanas). Mas eu digo: fuck the pain away. Let's make it work. E digo, no final de contas, é a espera que faz o momento.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu sei,

ando desleixada, não ando a escrever nem a dar novidades de nada. Sou uma blogger desnaturada. Mas a verdade é que, e apesar de escrever ser uma paixão, há fases em que não estou lá muito inclinada para isso. Abro o blogger e este espaço branco assusta-me. Nunca sei o que hei-de escrever. Tenho a sensação que não vou conseguir dizer nada do que quero, ou que já disse tudo o que queria e não me quero tornar repetitiva. Além disso, ultimamente viver tem sido mais importante do que escrever sobre a vida.

A realidade é que o meu Erasmus está a aproximar-se do fim e isso trás-me sentimentos complexos. Queria escrever sobre eles - e hei-de fazê-lo, um dia... é o momento que estou a tentar evitar, por materializar e, de alguma forma, concretizar por escrito que esta experiência maravilhosa está simplesmente a acabar. De qualquer forma, e porque faço questão de manter este blogue e lê-lo mais tarde - e porque escrever aqui (e de certa forma documentar por escrito algumas das minhas experiências) me dá um maior sentido e significado à experiência do que apenas manter uma pasta no portátil com as fotos - deixo aqui algumas fotos dos meus últimos dias. Cheios de amor, paixão, amigos próximos (e apenas os essenciais que me fazem feliz, não preciso de muito mais), sol, experiências, sorrisos e bons momentos.

E cheers para o primeiro dia mais quente deste ano; 29ºC :)
























sexta-feira, 11 de maio de 2012

Maio. Tenho tantas coisas para contar... que nem sei por onde começar