quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Das despedidas II



Os dias do adeus chegaram. As pessoas que me eram mais queridas e chegadas, foram embora. De vez.

Fiquei contente quando o Marcel me pediu para ficar no meu quarto mais uma semana, a primeira semana de Fevereiro – porque o contrato de arrendamento dele acabou a 31 de Janeiro. Claro que nem preciso dizer o quão feliz fiquei por ele próprio ter tido a iniciativa. Eu já tinha tido a ideia dele ficar cá mais uns tempos… mas nem precisei falar nisso, eheheh. Sinceramente, por mim, bem que ele podia passar aqui o próximo semestre. Neste quarto e cama de estudante solteiro mínimos, na qual lá nos vamos arranjando para cabermos os dois. I don't care. Só quero estar com ele o tempo todo!... Quero aproveitar esta última semana ao máximo :D

Mas enfim. Todo o restante pessoal, foi-se. Nunca pensei que fosse tão difícil. Na realidade, nunca nos apercebemos do quão difícil é uma despedida, até ela estar lá. Nem nunca damos valor às pequenas coisas que vivemos juntos, até que sabemos que no dia seguinte, vai deixar de ser assim. A forma como 5 meses de momentos completamente inesquecíveis acabam ali, na estação de comboios, com um abraço apertado e lágrimas a caírem pela face, é uma de uma dor indescritível.

O contacto pode – e vai – ser mantido via skype, facebook, e as muitas outras tecnologias que temos disponíveis hoje em dia. E planos para nos irmos visitar uns aos outros nos nossos países. Mas não será mais o mesmo que acordar juntos, tomar pequeno-almoço/brunch juntos, wake and bake juntos, irmos ao centro juntos, irmos às compras juntos, jantarmos juntos, ficarmos juntos até ao último segundo do último minuto antes de ir dormir. Não será mais ir aos mesmos locais, fazer as mesmas coisas, mas sobretudo, viver as mesmas experiências, como foram os últimos meses. A habituação é tanta, a habituação de vivermos todos juntos 24/7, ou quase, de já nos conhecermos tão bem, sabermos das manias dos outros, das especificidades dos outros, ter private jokes e actividades próprias do grupo. É deixar de ser acordada todas as manhãs por ele, deixar de ser interrompida pela Roos quando aparece de surpresa no meu quarto e é sempre delightful, deixar de ter de apanhar apenas um elevador para estar com eles, para passar, outra vez, como foi no início, a acordar de manhã (ou de tarde), sozinha, e questionar-me: "and now what?". Ok, este momento ainda não chegou. Ainda tenho mais 7 dias em que não vai ser assim, em que ainda o tenho a ele, por perto, pelo menos, mesmo que seja difícil o facto da Roos ter ido embora. A Roos é, inquestionavelmente, a minha melhor amiga Erasmus. Uma das pessoas mais próximas, com quem passei mais tempo, quem conheci melhor. A pessoa que eu corria para abraçar sempre que Adele passava na rádio.

Enfim. Despedidas serão sempre despedidas. Esta é a minha primeira mini-depressão-pós-erasmus (agravada quando ele se for embora). Eu posso ficar no mesmo sítio, na mesma cidade maravilhosa, na mesma residência, na mesma universidade, no mesmo ambiente, nos mesmos locais que foram o background de tantas experiências únicas e maravilhosas. Mas de que me vale isso, se as pessoas que preencheram tudo isto, se as pessoas que foram os meus amigos e a minha família, que me acompanharam em todas estas experiências únicas e maravilhosas, já não estão cá?

Brrrr, só de pensar que vou ter de enfrentar todo o processo de novo: o processo de conhecer novas pessoas! De ter de voltar, durante uns tempos, às conversas superficiais da treta sempre necessárias ao processo inicial de conhecer alguém: o nome, a idade, de onde vem, onde já esteve, o que cá está a fazer. O processo de conhecer uma pessoa e perceber se somos compatíveis com ela, e se é com ela, com elas, ou com eles e elas, enfim, com estas pessoas, que queremos passar os próximos 5 meses, se são estas as pessoas que vão, de certa forma, “substituir” (mesmo que ninguém seja totalmente substituível, e que nunca, mas nunca, o Marcel, a Roos, a Lisa, o Mathias ou a Laila sejam substituídos por absolutamente mais ninguém) as pessoas que acabaram de partir, e que foram o nosso tudo. Quem vai ser, afinal, o meu próximo “tudo”? Será que vou encontrar pessoas tão fantásticas, maravilhosas, e únicas, como as que conheci no 1º semestre e que me preencheram de uma forma inacreditável, outra vez? Será possível? Na realidade, até me sinto um pouco como no ponto de partida de novo, como me sentia em Agosto do ano passado: com medo, sem saber o que me espera, e um mix de expectativas confuso.
 
Não gosto disto…

Ontem fomos levar a Roos à estação. Despedimo-nos numa coffeeshop. Assim que ela saiu, eu desatei a chorar. Que horror! Detesto chorar em público, acho ridículo, mas não consegui mesmo controlar-me! A Roos é inquestionavelmente a minha melhor amiga que fiz em Erasmus. Trocámos cartas, pensei em publicá-las, mas para além de não ter paciência para transcrever tudo para o PC, acho que é demasiado privado :D Tivemos um último mês inesquecível, vivemos coisas memoráveis, e tudo acabou ali. Foi horrível. Mas, por outro lado, hoje acordei a sentir-me grata por tê-la conhecido. Por ter vivido esta experiência com ela. É inesquecível... Ela é, definitivamente, uma amiga para a vida.

A nossa música Erasmus!

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