quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

De Lisboa - I

Voltar a Lisboa foi uma das cenas mais estranhas. Depois de, claro, ter passado a o controlo de segurança no aeroporto Schipol a chorar por me ter despedido dele, e o voo a rever fotografias e a escrever a minha reflexão final sobre a primeira parte do meu Erasmus (a qual irei transcrever para o blog mais tarde), sair no aeroporto da Portela, querer dizer "não, obrigada" ou "desculpe" mas dizer "no, thanks" e "sorry", ou querer perguntar "sabe-me dizer onde é a casa-de-banho?", dizer automaticamente "can you please tell me where I can find a toilet", ainda estava no modo inglês & Amesterdão, na realidade, ainda estava no modo Amesterdão, não estava nada preparada para voltar. Senti-me deslocada todo o dia... depois de 6 meses de pura liberdade, passar um dia inteiro com familiares (nomeadamente, pais) a chatearem-me o dia todo com cenas aborrecidas, foi do pior. Só me apetecia voltar para a Amesterdão. Acho que se, desta vez, tivesse vindo para ficar, ia cair em depressão profunda. Lol. É que foi tudo tão, mas tão estranho!.. Até ver séries tipo Simpsons na Tv, ontem em casa da minha avó, com as legendas em português, foi estranho... nem precisava das legendas para nada.

Já para não falar que acho Lisboa uma cidade um bocado degradada. A começar pelas pessoas que vejo na rua - os rapazes portugueses são todos feios, e baixos! e as pessoas são tão normais e aborrecidas, não há quem pense "outside the box", lool - às ruas todas sujas e aos prédios todos a cair de podres, ao sistema de transportes, e ao sistema em geral. Vê-se logo uma diferença abismal entre isto e um país desenvolvido. Quer dizer, Lisboa é sempre Lisboa, tem o seu encanto e eu adoro, é a minha cidade número 1, sempre será. Mas depois desta experiência, não me vejo a viver aqui para sempre. Os meus horizontes abriram-se de forma tal... quero ver o mundo e não ficar limitada a isto. Este foi um dos meus principais pensamentos desde que cheguei a Lisboa.

Mesmo assim, está a ser bom. Rever velhos amigos, velhos sítios, velhos hábitos e costumes. Lisboa solareira (e vocês dizem que está frio, mas isto para mim já é bem quentinho, mal cheguei tive de tirar as 2 ou 3 camadas de roupa extra que tinha vestidas quando saí da minha residência de manhã e estavam graus negativos e neve até dizer chega), continua exactamente na mesma, com este cheiro característico (não é só cantiga popular, senti logo que saí do aeroporto, cheira a Lisboa!), este sobe e desce extenuante das ruas com as pedrinhas da calçada onde é quase impossível andar de saltos. Ir a um café e beber um expresso por 60 cêntimos, os programas da manhã do Goucha e da Júlia Pinheiro (os quais hoje tive de ver enquanto tomava o pequeno-almoço, dado que a minha mãe cortou a Tv Cabo, mas foram 5 minutos e desliguei, achei uma coisa tão pobre de espírito!!), os autocarros e eléctricos amarelos, a minha universidade Iscte, conduzir!...

Sim, voltar à minha realidade antiga é uma coisa super estranha. Não me reconheço, tudo faz parte da Cláudia antiga. Tal como escrevi no facebook no outro dia, o sentimento é mais ou menos este: Coming back home after Erasmus experience, is the strangest thing EVER. My own city, car, house, room, family and friends, seemed totally different and like they belong to someone else, not me. Still, it has a certain spark to it... I changed, hell yes, how I changed! But I like the new Claudia. :)

Estar em contacto, de novo, com a minha antiga realidade, fez-me aperceber-me ainda mais do quanto mudei. De como, agora, face às mesmas pessoas e situações, eu ajo de forma diferente da que agia antes. Para além de todas as mudanças que já tinha referido anteriormente, estou uma pessoa muito mais: desprendida, desmaterialista, desagarrada, liberal, tolerante, de horizontes muito mais abertos, cheia de vitalidade e vigor dentro de mim, vontade de conquistar o mundo, muito mais feliz. Já me disseram que vim de lá mais egoísta, mas eu encaro este egoísta como sendo algo bom. Dantes era demasiado boazinha e permissiva, digo mesmo, deixava que as pessoas fizessem o que quisessem de mim, e que me pisassem. Agora já não é assim. A minha auto-estima, já de si bastante elevada, está muito maior, o que me faz ter mais respeito próprio, e daí, exigir respeito dos outros. Já não tenho papas na língua e muito menos paciência para aturar muitas merdas que aturava dantes. Estou contente com o meu novo Eu. Sinto-me tão, mas tão bem comigo mesma!... Só gostava que todo o mundo se pudesse sentir como eu me sinto agora. A vida é lindíssima!
Enfim, estou a gostar... principalmente, porque sei que em menos de uma semana bazo outra vez, LOL. Encaro esta semana em Lisboa não como o fim do meu Erasmus (que é TRISTE), mas como um intervalo entre as duas partes do mesmo. Recarregar energias, e estou pronta para os próximos 5 meses.

Que venham daí. Estou para o que der e vier. Sinto-me... viva. :)



1 comentário:

Rafaela Rolhas disse...

Gostei mto deste post :) Espero passar pelo msm *