sábado, 10 de dezembro de 2011

Sigur Rós Film Screening - INNI

Ontem à noite fui ver isto... INNI, Sigur Ros, uma espécie de documentário/gravações de concertos que eles deram.
Escusado será dizer o quão LINDO foi... :) Arrepiei-me toda SÓ com isto, nem quero imaginar como será quando finalmente tiver a oportunidade de os ver ao vivo, mesmo a sério. Acredito que essa oportunidade algum dia virá :D

Mas o que queria partilhar, aqui, acerca deste momento, foi mesmo o pensamento que tive enquanto estava na fila à espera para entrar.

As portas nunca mais abriam, e estava um frio de gelar. 10 minutos, 20 minutos, 30 minutos... Nem parecia que estava na Holanda, mas sim em Portugal! ahah. Uma rapariga foi à porta, falou com alguém e voltou para trás muito contente e a dizer "goed, goed" (significa "good, good"). Automaticamente a minha interpretação para o que ela disse foi que estavam quase a abrir as portas. Mas não. Mais 10 ou 15 minutos se passaram... Foi então que tive o pensamento: e se a minha interpretação da reacção da rapariga tivesse sido errada? E se ela estava, apenas, feliz por outra coisa qualquer? Pode ter recebido uma chamada telefónica animadora, pode ter encontrado alguém conhecido na fila, uma surpresa agradável... qualquer coisa podia ser. Ao mesmo tempo, atrás de mim, estava um grupo de pessoas a falar muito animadamente, sobre viagens e tudo o mais; pelo que percebi, 2 holandeses, um alemão e alguém que ia viajar para Nova Iorque na próxima semana... Como é irresistível, estar numa fila sozinha (sim, fui sozinha, queria mesmo ver este film screening), com pessoas a falar sobre viagens e histórias interessantes em inglês, uma pessoa acaba sempre por ouvir; fiz as minhas interpretações, imaginei imediatamente histórias, memórias, imagens daquelas pessoas em sítios completamente diferentes... E agora, ali estavam, na mesma situação que eu, à espera que as portas abrissem. O que me levou ao meu segundo pensamento, o qual levou algum tempo a processar mas que me levou à seguinte conclusão: a cada segundo, milhares de vidas, histórias e memórias se cruzam... O que, por sua vez, leva a interpretações cruzadas... Eu interpreto as acções e palavras dos que me rodeiam, sejam conhecidos ou não, seja na universidade, no café, no tram, numa discoteca, num grupo de amigos, de uma forma muito única e minha, tal como toda a gente... Fiquei presa nesse pensamento durante toda a noite.

Mais tarde, na coffeeshop onde me encontrei com a Andreia, o Marcel e a Laila, contei-lhes sobre o meu pensamento e mais tarde, já no tram de volta para o campus com o Marcel, contei-lhe sobre o meu pensamento, e fomos ainda mais fundo no assunto. Matematicamente falando, disse eu, o número de interpretações cruzadas e consequentes "conexões únicas" possíveis é quase infinito... para obter um número mais exacto, todas as pessoas do mundo tinham de se cruzar pelo menos uma vez na vida, com outra pessoa no mundo, o que seria qualquer coisa como 7 biliões de pessoas "elevado" a 7 biliões de pessoas. Mas isso é impossível, considerando que a cada segundo uma pessoa morre e outra nasce. Uma pessoa única desaparece, dando lugar a um pessoa também única. O que leva a que o número de conexões possível seja quase infinito... O que nos levou a conceitos ainda mais profundos, acerca de como tudo se repete, e tudo se transforma, nada desaparece nem nada se cria, o que, por esta lógica, leva ao pensamento de que uma pessoa que nasce a cada segundo não é mais do que a repetição de outra que pode já ter vivido milhares de anos atrás, e se considerarmos, então, que não sabemos quando ou onde o TEMPO começou, e se considerarmos que a visão científica do início do mundo parte do princípio que somos os primeiros na terra, e considerando que o mais provável é mesmo que isso não seja verdade, mas sim que a terra já se tenha repetido em si mesma tantas vezes quantas nunca poderemos saber, partindo deste princípio da repetição, então o número de cruzamentos possível acabaria por ter um fim e, em si mesmo, repetir-se de novo.

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