Pensamentos soltos e algumas coisas que escrevi ao longo deste caminho de auto-descoberta e auto-conhecimento que esta a ser esta minha aventura... (aviso: ha coisas muito incoerentes e confusas. e assim que a minha mente funciona...)
Quem sou eu? Não sei, nunca soube, sempre soube, sou feita de tudo. O meu ser é feito de discordâncias enormes e gritantes. Sou demasiado incerta. Inúmeras vezes dou por mim a questionar e a ser incoerente acerca das minhas próprias crenças e opiniões.Tenho um ego irritantemente grande, procuro constantemente por reconhecimento alheio, apesar de me amar por dentro e por fora. É o que mais odeio em mim, a procura constante por me sentir importante, se pudesse livrar-me de algo na minha personalidade, seria isto. Eu não quero querer saber o que acham de mim. Nem tampouco quero que a opinião dos outros seja tão importante. Sou egocêntrica, de alguma forma diria ate que sou egoísta, e apesar de ser acreditar numa qualquer espécie de união entre todos os seres humanos, unidade cooperação e ajuda, no final do dia os meus próprios interesses vêm primeiro. Como qualquer ser humano que não seja um guru espiritual, digo eu. Sou superficial e fútil, sou materialista, adoro aparências, mas sou simultaneamente essencial. Vejo felicidade pura nas mais pequenas coisas, porque tive o privilégio de a experienciar. Gosto de experimentar, gosto da ansiedade, da adrenalina, da expectativa, de fazer algo que nunca fiz. Sou complicada, sou simples, sou indefinível. Gosto de dar nas vistas, mas não gosto de me esforçar para tal. Antes quero ficar quieta no meu canto, ser sozinha e só, e esperar que me notem. Outra vez o problema do reconhecimento alheio. Estou sempre à espera de algo, já me esqueci de como é não estar à espera. Não gosto de não ter um horizonte em vista, não gosto que nada seja incerto senão eu mesma (e quão incerta sou!...), serei para sempre uma eterna insatisfeita. Redundância? Martirizo-me por saber como hei-de me sentar a olhar para o horizonte, em vez de mergulhar neste imenso mar que se apresenta perante mim, e não descansar enquanto não lá chegar. É um martírio doloroso, que faz parte do software que veio comigo. Procuro constantemente excitação na minha vida, não gosto da sensação de que "nada se passa"; quando nada se passa, eu invento algo para se passar. Pessoas e coisas aborrecidas deixam-me deprimida. Vivo no presente e no futuro ao mesmo tempo, mas o meu futuro é feito de pequenos e eternos presentes, os melhores são aqueles que não planeio. O passado, esse, é um plano do qual raramente me lembro, raramente me arrependo, raramente olho para trás. Esqueci muitas das escolhas que fiz e, sobretudo, por que as fiz. Esqueci-me de muito acerca de como era, como agia, e porque o fazia. O que me movia. Sou transparente e fiel a mim mesma e com os outros, porque sei que consigo ser tudo o que quero e tenho grande capacidade de auto-controlo. Sei que quem manda nas minhas emoções, motivações, ações, sou eu – ou o meu ego gigante, ou alguém que se faz passar por mim, alguém que por vezes não conheço. Sou ambiciosa e quero sempre mais. Acredito que a vida e o significado dela está no caminho que percorremos, e não no destino que (todos) encaramos. Mas simultaneamente gosto de querer sempre mais e vejo sempre mais longe. Preciso ser intelectualmente estimulada; conversas de café e palavras vazias vindas de pessoas que passam os serões à frente da televisão e nunca leram um livro do fim até ao fim, matam-me por dentro. Preciso pessoas à minha volta que me estimulem, que me ensinem, que me inspirem, que me contem episódios de vida aos quais eu diga "wow". Não é por ser má, ou injusta, ou que tenha uma mente fechada e não dê oportunidade a certas pessoas; é mais que certas pessoas estragam tudo quando abrem a boca, e eu aprendi a ter mais cuidado com o ar que me circunda, limpar o que não interessa, filtrar o melhor. Sou maleável, sou um rio, mas também uma estrada recta feita de alcatrão fresco. Sou indefinível e adoro redefinir-me de dia para dia. Raramente me lembro de como me defini ontem e no que concerne ao amanhã, esse, deixo sempre por definir. Gosto de questionar tudo o que sei, tudo o que sou , tudo o que conheco, e tudo o que aprendo. Nao gosto de absolutismos, antes prefiro reformulações, ajustamentos de prisma, um enorme espaco de manobra para lidar com o que der e vier. Sou, assim, livre. Livre de mim. Livre de ter de corresponder a qualquer expectativa que faça de mim mesma, porque de mim mesma espero tudo. Livre de qualquer julgamento ou obrigação moral para comigo mesma. Sou livre de mim própria porque aceitei as consequências da minha liberdade. Não gosto de ter correntes atadas às mãos, e muito menos ao pensamento. O que mais há de livre em mim, é o pensamento. Sou liberdade.
Seja como for. É sempre um tudo seja como for. Nunca é certo, nunca é errado, nunca é nada nomeável nem passível de se lhe pôr uma etiqueta. É sempre e sempre poderá ser tudo um como quer que seja, um fluído seja como for.
Nao acredito em ideias inatas, sou claramente uma empiricista. Considero-me e delcaro-me como uma tábua rasa, sempre a ser pintada pelo mundo à minha volta. Adoro absorver tudo o que vejo, vivo, experiencio, sinto, filtrar o melhor, mas tenho um mundo completamente do avesso dentro de mim.
Sou a pessoa mais feliz do mundo, porque já aceitei em paz o quão depressiva e sem qualquer sentido a vida pode ser, se olharmos com atenção.
Queria tanto conseguir não me perder nestes pensamentos com a frequência com que o faço. Múltiplas vezes me pergunto porque não posso simplesmente viver, em vez de analisar a vida. Em vez disso, dissolvo-me neles e eles dissolvem-se em mim. Estou farta de razoes, o meu maior desejo, por vezes, e que nao houvesser razoes, de todo, sobre as quais eu penso demais. Penso demais. E o preco a pagar por ter crescido tanto e descoberto tanto sobre mim mesma neste ultimo ano.
A cor dos meus pensamentos
São laranja, rosa, vermelho. São pretos, castanhos, bordeaux, cinzentos. Quero que os meus pensamentos coloridos e menos coloridos, moldados pelo tempo e pela experiência, saiam do meu corpo. Tenho medo de mim própria. Os meus pensamentos são tão confusos que não consigo organizá-los de uma forma coerente e satisfatória. Nunca satisfatória. Os meus pensamentos são tão abstractos, tão feitos de nada, alguma coisa no ar apenas. Não são compostos por palavras, mas sim por imagens, o que me inabilita de me ouvir a mim própria, ou até mesmo ter um diálogo comigo mesma. O que escrevo, o que falo, o que faço, vem directamente de imagens, apenas e só imagens, do que penso que falo comigo mesma. Gosto de ouvir outras pessoas e gosto de fazer perguntas acerca de como pensar, mesmo quando não quero que a minha forma de pensar seja especificamente aquela, ou mesmo quando aquele pensamento já viveu e viveu na grande sala que é a minha mente, porque consigo ouvir as outras pessoas por palavras, palavras concretas, palavras quase palpáveis.
Estes pensamentos não me abandonam, nunca irei ver-me livre deles. Acumulam-se como camadas de pó coloridas, embaciando assim a cor viva de que são feitas as paredes dos quartos do meu corpo e da minha mente. Eu penso sobre ser, sobre fazer, sobre sentir, sobre agir. Eu penso sobre pensar.
Mas vezes ha em que eu só quero ser. Não quero mais este estado mental, nem os futuros estados mentais que nunca consigo prever. Não quero preocupar-me, não quero trabalhar, não quero procrastinar, não quero estudar, não quero aprender, não quero pensar, não quero sentir, não quero viver com a intensidade com que sempre vivo. Não quero ser feliz, nem infeliz, não quero estar alegre nem tampouco triste. Vezes ha em que só quero existir. Meramente existir. Esta vida destituída de qualquer significado. Esta vida cheia de pequenas coisas, aleatórias, inimportantes, pelas quais passamos sem nunca reparar, estas coisas às quais insisto em dar um significado inventado.
''Hoje quero apenas sentir o absurdo da vida, esperar que esteja presente esta coisa que se ausenta tanto, esta coisa que está sempre ausente, o que torna ainda maior a sua presença. Está presente porque é feito de ausência. É um buraco negro cheio de nada. É um absurdo."
Sei que só tenho de mudar a minha forma de pensar, e o facto de pensar tanto.
Por vezes sinto-me líquida. Como se de água o meu corpo fosse feito. Como se todas as minhas escolhas, pensamentos, motivos, emoções, motivações, coubessem num copo de água e eu pudesse vê-los de fora. Daqui para a frente, porque o que ficou atrás é um blackout para mim. A vida acontece à minha frente, e tantas vezes lhe perco o fio. o tempo acontece, as pessoas acontecem, eu aconteço. Procuro excitação, procuro êxtase, procuro algo que me faça acreditar que não há razão para assistir impávida ao desenrolar da vida. Procuro. Constantemente. Às vezes esqueço-me de respirar. Respiro fundo um ar que é maléfico, e esqueço-me de respirar quando me esqueço de existir. Gostava de saber ser. Agora e aqui, sem se’s, nem porquês, nem para quês. Nem culpas nem vergonhas. Gostava que não houvesse razões, de todo.
Às vezes questiono-me se tudo o que fiz no passado não passou apenas de pequenos experimentos, no grande laboratório que é a minha vida. Se não usei pessoas e situações como experiências para compreender este mundo e esta vida. Se a minha falta de capacidade de arrependimento não será derivada à liberdade que dou a mim própria de falhar. Falhar constantemente, até acertar. Se a minha falta de habilidade para saber quando falho ou não, não deriva apenas da abertura e tolerância extremas que me caracterizam. Não sei mais o que é certo ou errado, o que faz sentido ou não. Não sei, porque a minha mente não fala. Ela só vê imagens. Não sei mais se o facto de por vezes sentir que não tenho sentimentos não será derivado ao facto deles serem demais. Não sei até que ponto esta minha bipolaridade e incoerência constantes gritantes dentro de mim, estarão relacionadas com o facto de nunca me conseguir colocar no polo oposto em que estou no momento, pura e simplesmente por não me lembrar de como era quando me sentia assim.