segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Hitchhiking - Berlin! Part I

Se conseguisse resumir os últimos 3 dias num breve post, era o que faria neste momento, apesar de estar a precisar de uma noite de sono de, no mínimo, 14 horas.

Aqui vai uma tentativa: 6ª feira, às 7h30 da manhã, demos início ao Hitchhiking Contest até Berlim, organizado pela ESN (Erasmus Student Network). Dessa hora até às 23h, a diversão, a intensidade, o perigo, o risco, o desafio, a adrenalina, a sensação de liberdade, o facto desta ser uma experiência totalmente nova, foi tão imensa, tão esmagadora, que eu juro, nesse dia pareceu-me passar uma semana!

A experiência em si (uma tentativa apenas de representá-la!): 7 condutores que nos deram boleias.

O primeiro era um polícia (e fomos os primeiros a apanhar boleia, apenas 5 minutos na bomba de gasolina de Amstel, cidade perto de onde vivemos), um BMW invejável.

O segundo era um business man que costuma dar boleia a hitch-hikers e foi espectacular connosco

O terceiro que tinha uma auto-caravana, estava a ouvir música electrónica - ouvir música electrónica às 8h da manhã na auto-estrada foi AMAZING - simpatizámos tanto com ele, que ele desviou do caminho por onde tinha de ir só para nos levar ao local certo.






O quarto que era outro business man que nos contou toda a vida dele e como era aborrecida, que dantes saía todas as semanas com os amigos e agora se sentia preso à família (mulher e filhos), e nos deu uma lição de vida em como devemos aproveitá-la enquanto ela é boa - obrigada! :D

O quinto que era, nada mais, nada menos, que um drug dealer que nos deixou na fronteira entre Holanda e Alemanha, por ter de tratar de uns "Businesses" (ok, ele disse a palavra "business" 30 vezes em 10 minutos e inventou uma desculpa qualquer para não atravessar a fronteira, portanto calculo que fosse droga! ahah).

Na fronteira durante 2 horas, um sítio horrível onde ninguém nos apanhava; o único que nos "apanhou", foi o Polizei, a fazer hitchhiking na auto-estrada; aparentemente é ilegal fazer hitchhiking na auto-estrada, tivemos de mostrar a identificação, fizemo-nos de vítimas, dissemos que não sabíamos dessa regra - mentira, treta, claro que sabíamos, pelo menos eu, que fiz uma pesquisa altamente intensiva sobre hitchhiking antes de embarcar nisto. Mas a saída mais fácil e eficaz é, claro, sempre dizer "não sou daqui, não percebo nada, não sei das regras", com uns olhinhos de cãozinho abandonado e um inglês extramente, mas extremamente, mau.

Finalmente, e depois de muito tempo em espera, encontrámos 2 tipos, cada um com o seu carro mas que íam para o mesmo sítio, nesta altura eu e o Kangkai tivemos de nos separar, era a única alternativa para sairmos daquele local onde ficámos presos; o objectivo não era ganhar nem sequer ir para um local específico, o objectivo primordial era, e usando as palavras do Kangkai, "enjoy the process" (e o proccess foi precious!), e pelo menos, mover. O importante era sempre andar, sempre, sempre! Os tipos não encontraram uma bomba de gasolina no caminho até à cidade seguinte, por isso deixaram-nos no meio de uma cidade, onde é extremamente difícil arranjar boleia; bom, mas pelo menos, durante o caminho, e quando o condutor me pediu que tirasse um CD do porta-luvas, eu descobri que ele também adorava Portishead (uma banda de música que amo); acabámos por ficar toda a viagem a falar no quão amamos essa banda e o quão eles são fantásticos!!! Aqui percebi: nestas experiências conhecemos pessoas com quem passamos momentos efémeros encantadores! Nunca mais o vou ver na vida, é mais do que provável, é quase certo... para mim ele foi só uma forma de transporte, para ele eu fui só uma forma da viagem ser menos aborrecida, mas aquele momento, aqueles 25 minutos ou meia-hora, foi uma pequena eternidade que irá durar para sempre. Tenho a certeza!

Uma vez na cidade seguinte, e porque eles nos deixaram mesmo no meio da cidade, andámos a circular durante 4 horas sem conseguir nada. Isto parece muito mau, os outros casais queixaram-se imenso que tiveram de esperar aqui e ali e este e aquele tempo, mas para mim esse tempo passou a voar, no meio de tanta parvoíce. Era o Kangkai a dançar Michael Jackson no meio da estrada, e eu a fazer posições sexies (a brincar, claro). Sim, ficámos 4 horas presos numa cidadezeca chamada Osmabruk, mas porra... foi espectacular!

























Até que finalmente tivemos de tomar uma decisão e decidimos apanhar o comboio para a cidade seguinte, Hannover. Esta altura foi a única, nas tantas horas e horas que isto levou, em que me fui abaixo e senti-me desanimada, por pensar para mim mesma que tinha falhado nesta missão, e sentia-me mesmo desapontada, mas o cansaço e o "overwhelming" era tanto que só me conseguia rir da situação. Aquele rir de cansaço extremo, aquele rir do "isto não está a acontecer, é tão mau que até tem piada".

A companhia também era a melhor, pelo que recuperei rapidamente. O plano era continuar o hitchhiking a partir de Hannover, mas já eram umas 20h e já estava de noite, seria difícil arranjar boleia; mesmo assim comprámos o bilhete, e quando chegámos ao comboio vimos que o destino final era nada mais nada menos do que Berlim, o que pensámos? Os dois exactamente a mesma coisa: vamos lá poupar 50€ (o bilhete para Berlim, de onde estávamos, era 70€), e arriscámos! A história estava longe de acabar, e os planos para escaparmos ao ticket controller foram mais que muitos, desde fingir que estávamos a dormir e não tínhamos reparado, a fingir que não percebíamos inglês se nos apanhassem, mas a alternativa vencedora foi mesmo fecharmo-nos os 2 na casa-de-banho do comboio, onde ficámos durante 2 horas e meia; só nos conseguíamos rir de toda a situação, o facto de termos começado esta grande aventura no carro de um polícia, passarmos pelo de um drug dealer, e acabarmos fechados numa casa-de-banho com 2 metros quadrados durante 2 horas e meia, quase sem oxigénio e com medo de morrer ou que fôssemos apanhados.






A sensação de quando chegámos a Berlim e vimos a placa da estação, foi só saltar do comboio, gritar "we made it!", saltar e cantar e berrar pela estação. Toda a gente ficou a olhar para nós, mas foi TÃO libertador, foi uma sensação única, daquelas mesmo que nunca vou esquecer. A emoção era tanta que eu podia ter chorado, mas estava demasiado, demasiado, DEMASIADO! FELIZ.






O fim-de-semana estava bem, mas bem longe de acabar por aqui, mas para mim, e olhando agora em retrospectiva, este dia e toda a experiência de fazer hitchhiking foi o que fez o meu fim-de-semana. Foi tão espectacular... palavras como excitante, libertador, a sensação de medo e adrenalina e entusiasmo tudo ao mesmo tempo, apenas roçam no que foi esta experiência.

Foram 15 ou 16 horas a viajar, a andar de um lado para o outro, os momentos de riso foram mais que muitos, e toda a exaustão junta, e os momentos em que me senti quase desesperada, tudo, no fim, fez-me sentir no topo do mundo, literalmente.

A companhia também não podia ser melhor. Eu já adorava o Kangkai enquanto pessoa antes disto - e ele é simplesmente uma das pessoas mais ESPECTACULARES que já conheci - mas esta experiência fortaleceu ainda mais a nossa amizade. Não é com todo o mundo que se passa 16 horas seguidas a olhar para as trombas um do outro, sem nunca ter uma zanga (é preciso muita paciência, e 2 pessoas com um espírito muito positivo!!); não é com todo o mundo que partilhamos as coisas que partilhámos nesta aventura, todo o riso e todo o quase-choro de desespero em certas situações; nem é com todo o mundo que conseguimos ficar trancados numa casa-de-banho minúscula durante 2 horas e meia e ainda nos rirmos a brandeiras despregadas de toda a situação. Quando estávamos a voltar para Amesterdão - naquela camioneta, naquelas cadeiras minúsculas, durante 8 horas, ahh!!! - o Kangkai fez um discurso para todo o mundo ao micro e agradeceu-me por tudo. Fiquei tão corada e embaraçada, e se ao menos ele soubesse... o quanto eu lhe tenho a agradecer a ele! :) Se há alguém a quem tenho de agradecer por me ter proporcionado esta experiência, é mesmo ao Kangkai. Eu sei que ele não vai ler isto, mas eu sei que no meu coração nunca me hei-de esquecer dele!

Quanto ao resto do fim-de-semana... Bom, o habitual, o sigh-seeing pela cidade - Berlim é uma cidade lindíssima, sobretudo quando a visitamos a ouvir a banda sonora do filme "Goodbye Lenin" (by Yann Tiersen), se bem que numa tarde não conseguimos ver nem 1/10 da cidade, e o homenzinho que estava a fazer a guide tour era demasiado (!) aborrecido, todo o ambiente me encantou! Berlim é daquelas cidades que tem uma beleza muito escondida, muito histórica... Quando soube que estava em cima do local exacto onde o Hitler morreu (não tem nada de especial, é apenas um parque abandonado, pois não quiseram fazer nenhuma homenagem, por razões óbvias), até me senti estranha. E estar em frente ao Muro de Berlim (o que resta dele), e estar no checkpoint Charlie, rapaz de 18 anos que morreu (naquele preciso checkpoint) ao tentar atravessar o muro). É uma cidade que não é propriamente bonita, não tem uma beleza que salte à vista, é preciso saber procurar a beleza da cidade, e eu porque adoro história, senti uma vibração completamente desta cidade. :) Amei!!!

E a party à noite extremamente excessiva ao ponto de dormir 7 horas em 48, e chegar todas as noites ao hostel num estado tal, que até vestida dormia.
















 Trying to jump! ahahah . Rose, eu & Kangkai





 Réstias do Muro de Berlim! Lindo!




Este fim-de-semana foi testemunha de muito crescimento, muita intensidade, muito choro por estar extremamente wasted, muito riso por estar extremamente wasted, muito beijo, muito toque, muita amizade, muito tudo de muito. Muito crescimento de relações inter-pessoais, de amizades, de paixões, de enfatuamentos. Muita inconsistência, muita espontaneidade, muito tudo tão tão.

Nunca caberia neste post nem em todos os que alguma vez poderia escrever, o que foi esta experiência.

Fez-me realizar o quão eu amo, mas amo mesmo, a minha vida aqui; as pessoas que conheci, as situações que criei, o quanto tenho CRESCIDO... O passado do qual me desprendi, o presente maravilhoso que estou a viver, o futuro que estou a construir.

Poderia acabar este post dizendo: I Love Berlin, ou I Love Hitchhiking - e, fogo, quero repetir um dia! mas mesmo! - mas prefiro antes dizer:

I (ABSOLUTELY) LOVE MY (FUCKIN') LIFE. AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH. :)


2 comentários:

FamilyHome.29 disse...

É muito bom ver pessoas como tu a adorarem a sua "fuckin' live"...
Aproveita ao máximo de mente aberta e espirito livre como sempre te disse...
Beijinho grande*

Rafaela Rolhas disse...

OMFG, a inveja qe tou a sentir neste preciso momento!!