É tão bom, ter as oportunidades que tenho tido na vida. Este ano está a ser definitivamente o melhor da minha vida até agora. Sabe-me tão bem ter as pessoas que tenho ao meu redor. O Marcel, o Jan, a Vera, o Alex, a Sara, a Roos... Todos os dias dou graças aos céus (não a deus, que não acredito, mas isso são histórias para outra conversa), por ter a oportunidade de ter mais um dia e poder aproveitar a vida que me foi oferecida e proporcionada. Ter os pais que tenho (sobretudo o grande pai que tenho) que sempre investiram em mim... para que eu pudesse crescer de forma saudável, uma preocupação constantemente com o meu bem-estar. Graças a eles hoje sou a pessoa que sou. Não sou pessoa de pensar no passado ou fazer retrospectivas e achar que devia ter feito assim ou assado. Raramente me arrependo de algo, acho que tudo o que passou e aconteceu tem uma razão de ser, sou uma pessoa bem mais present-oriented, mas de qualquer forma, não posso deixar de olhar para trás de vez em quando, e pensar que tive tudo do bom e do melhor. Apesar da minha família ser completamente desequilibrada, nem toda a gente tem o privilégio de ter nascido saudável, ter sempre comida na mesa e um sítio onde ficar, ter andado nas melhores escolas, ter tido a oportunidade de experimentar de tudo um pouco para descobrir aquilo que gosto e quais as minhas paixões na vida, ter tido a oportunidade de viajar, de conhecer, de cultivar-me. Conhecer as pessoas que tenho conhecido, amigos que vão ficar certamente para a vida. Amigos que me viram crescer neste último ano, que cresceram comigo, e com quem partilhei tantos momentos, que não têm preço. Ter a oportunidade de estudar no estrangeiro, de viver no estrangeiro, de passar fins-de-semana em países vizinhos porque tenho sempre amigos e locais onde ficar. Sim, sou uma pessoa privilegiada. Como todo o mundo, tenho os meus problemas (em relação quais, no entanto, aprendi a relativizar o peso da palavra "Problema"), os meus issues, os meus momentos down, por vezes irrito-me com a vida, comigo mesma, não me suporto, tenho crises de mau humor, escrevo textos e poemas revoltados. Mas sou uma pessoa de sorriso e riso fácil, um encontro inesperado com um vizinho ou uma sessão inesperada de skype são um boost no meu humor, no meu dia, felizmente tenho pessoas e condições que me permitem ir dormir com um sorriso nos lábios todas as noites.
Escrevo isto porque apesar de ter tudo a meu favor e ser uma miúda privilegiada, como nem os meus pais foram, ultimamente tenho tido alguns episódios um bocado para o depressivos; tenho andado a escrever imenso sobre coisas que só a mim me passam pela cabeça (e só eu sei o quanto escrevo e o quão profundo eu consigo escrever quando estou infeliz ou insatisfeita com algo). Mas também tenho estes momentos de felicidade, de gratidão, clarificação, de limpeza mental, de "tudo vai ficar bem, tudo é bom, e tu tens uma vida da qual não te podes queixar"!
Sou hoje uma pessoa totalmente diferente da que era há 7 meses atrás. Sou hoje uma pessoa melhor e não acho que o trabalho está todo feito - ainda tenho muito que crescer, mas estou satisfeita com o outcome dos últimos meses. Sou hoje a pessoa mais feliz do mundo porque finalmente aceitei em paz muitas coisas que nunca tinha aceite antes. Muitos assuntos que tinha pendentes, ou que achava que eram pendentes, na minha mente. Imaginários! De vez em quando esses pensamentos voltam, tipo fantasmas. E de vez em quando eu deixo dissolver-me neles e deixo que eles tenham poder na minha mente. Mas aprendi a controlar isso bem melhor do que antes.
Neste momento estou em casa do Jan, um dos meus melhores amigos (que basicamente considero irmão), em Enschede. Acabei de passar duas semanas em Munster (Alemanha), a cidade onde o Marcel vive. Nestas duas semanas a nossa relação desenvolveu de tal forma, que eu nunca pensei. Conhecer a família dele e chegar ao ponto de ver mestrados em Lisboa, em Munster, ou noutras cidades para que possamos ficar juntos. Discutir factores como qualidade de vida, estado geral do tempo, língua, custo de vida e outros factores práticos que têm de ser bem pensados antes de uma mudança assim. Um pouco de planeamento para o futuro e motivação para tal. O meu alemão melhora de dia para dia e para ser sincera, até começo a gostar da língua (dantes, detestava). Estou tão motivada a aprender alemão como uma 3ª língua. Não só por motivos claramente pessoais (melhores amigos e namorado alemães, estou rodeada disto! lool), mas até mesmo profissionalmente, saber 3 línguas, das quais pelo menos duas tenho total fluência (português e inglês) não tem nada de desvantajoso, muito pelo contrário. O Jan perguntou-me se eu estou preparada para "settle down". Se não serei demasiado jovem. A resposta saiu-me naturalmente, e para mim é mais que natural. Eu até posso ser jovem, 22 anos ainda por fazer, mas não acho que a idade seja um factor tão importante assim. Eu tive a minha dose de experiências. Tive ambas relações sérias e coisas menos sérias,desde bastante cedo (15 ou 16 anos), que me permitiram aprender o que quero e o que não quero numa relação. Foram 6 anos de experimentação e aprendizagem, já passei essa fase. Não quero mais andar a experimentar, porque encontrei algo que, desta vez sim, encaixa comigo. E o que nós temos é tão raro e tão especial e único, e difícil de encontrar... por que haveria eu de procurar por algo mais ou algo diferente? Não estou, com isto, a dizer que vamos ficar juntos para sempre ou que eu nunca mais vou querer estar com ninguém, obviamente. Mas por agora, a prospectiva é bastante positiva. Se tudo correr como queremos, e há-de correr, o meu foco agora é mesmo em investir nesta relação. Investir nela porque ela me dá algo em troco. O que eu sinto nesta relação é diferente, único, senão mesmo MELHOR, do que alguma vez vivi numa relação.
O meu grande amor! :)
Anyway, as I was saying, estou para aqui a escrever isto (e é tanto, o meu problema é sempre querer escrever tudo, mas nunca consigo... ainda me hei-de esquecer de algo, mas enfim), porque estava a olhar para as fotografias que tirámos nestas semanas. Não há outra opção senão sentir-me feliz ao ver isto... Ter a oportunidade de viver estas pequenas coisas! Apesar de só voltar a Amesterdão na 2ª feira de manhã (as minhas aulas já começam na 3ª e tenho um exame na semana seguinte!! ahhh :P ), achei por bem descer um pouco à terra, sair da nuvem de felicidade amigos e paixão em que tenho andado e abir a agenda e fazer um pouco de planeamento para a universidade. Estas duas semanas de férias (intervalo entre períodos e páscoa = duas semanitas de férias uhuh, vida de estudante é do melhor!!) souberam-me pela vida, andar a passear é sempre bom, ainda para mais com este tempo quentinho de início de Primavera, mas agora é tempo de voltar a concentrar-me. A minha reacção inicial foi de "ooohhh nãããoooo, tantas coisas para fazer e com que me preocupar"; mas depois pensei, que até mesmo isto, é algo bom na minha vida. Ter a oportunidade de estudar numa universidade prestigiada, no estrangeiro, é só uma oportunidade que tanta gente gostaria de ter e não tem. Sim, tenho de estudar horas e horas sobre as coisas mais chatas e menos interessantes da psicologia, como história. Mas resolvi mudar a minha atitude em relação a isso, parar de ver como algo mau, mas sim como uma oportunidade de aprendizagem. Além disso, é só uma cadeira... As outras são todas interessantes, como Psicologia da Religião e Psicologia do Desenvolvimento (com crianças), e Psicologia do Marketing (do consumidor). Sim, tenho de ler e escrever e escrever e escrever (bom, ao menos escolhi o curso certo!), mas ao menos são coisas que realmente me interessam, é uma das minhas paixões, e por isso dá-me até um certo gozo. 12 dias seguidos de universidade, aulas, e mais do que muitos trabalhos e estudo, mas tenho algo para "looking forward to". O meu aniversário está aí, é no fim deste mês, e vai ser fantástico! (cheira-me que vai ser o melhor até agora, eheheh). Gosto quando é assim, gosto de ter esta estrutura na minha vida: há tempo para trabalhar, há tempo para descansar, há tempo para a diversão. Devo dizer que neste último ano foi bem mais tempo de diversão e descanso do que trabalho, mas acho que isso fez parte da minha primeira parte de Erasmus. Acho mesmo que assim teve de ser para que eu pudesse experimentar a vida Erasmus no seu "fully. Não me arrependo. Mas também sei que foi uma experiência, foi um semestre, já provei, já sei como é, e agora no 2º semestre tenho de voltar um pouco à terra (apesar da "terra" aqui ser uma espécie de paraíso). E sabe-me tão bem ser produtiva um dia inteiro, trabalhar no duro, mas poder relaxar à noite, com amigos, jogos de cartas, uma boa conversa antes de dormir, saber que dei o meu melhor para esse dia e posso dormir de consciência tranquila, sabendo que tenho outro dia à minha espera e total controlo sobre ele. Sabe-me bem concentrar-me para a universidade durante 2 semanas, intensivas, fazer o máximo que conseguir, estudar o máximo que conseguir, mas depois ter um fim de mês óptimo com o meu aniversário e o queen's day (o feriado mais importante na Holanda) na mesma semana!
Enfim, são as pequenas coisas que me fazem feliz assim. Não é ser rica ou bonita, não é sobre fama nem popularidade, nem dinheiro nem beleza, nem todos esses valores falsos que infelizmente são promovidos na nossa sociedade de hoje. São as insignificantes coisas que nos rodeiam e que são grátis, as quais nunca sabemos aproveitar, tirar o melhor delas, ser feliz com elas só porque temos o privilégio de as ter. É o livro que estou a ler de momento (recomendo, é espectacular), "The Geography of Time", são as viagens, as city trips, o meu grande amor por quem me apaixono mais e mais todos os dias, os amigos fantásticos com quem mantenho contacto, é vê-los crescer na vida comigo, vê-los a conseguir algo que sempre quiseram (por exemplo, ontem o Alexandre deu o seu primeiro concerto numa banda!), é o sentimento de accomplishment e orgulho que sinto em relação a eles, é ter pessoas tão inspiradoras e que me ensinam sempre algo novo de dia para dia, é o Verão chegar, é adorar o curso que estou a seguir e o que estou a estudar, são os meus vizinhos, o quadro que temos na cozinha e no qual todos os dias escrevemos a "word of the day" em todas as línguas que existem no nosso andar, é andar de bicicleta num dia de sol e descobrir novos sítios em Amesterdão, é deitar-me num parque ao sol a ler, é ir a um museu, a uma loja original, a uma coffeeshop... é... enfim, vida! :)
Sim... gosto da vida que estou a levar, e não tenho razão de queixa!
Sinto-me livre, viva, apaixonada... tudo de bom, tudo dxi bom! :) Beijinhos da Holanda e bom dia de Primavera para todos! :)
Hoje, é dia de aterrar, na minha to-do list está: update o blog (que também é preciso, escrever ajuda-me a organizar os pensamentos, e hoje eles são muito positivos), planear para a próxima semana, limpar (depois da noite de ontem, bem que é preciso!), estudar um pouco, ver em que pé andam as minhas obrigações com a universidade, fazer umas compras, cozinhar, e esperar que eles (Marcel e Jan) voltem para casa (ambos tiveram de ir trabalhar hoje)! Ainda estou de férias até 2ª feira, que bom :)
2 comentários:
Estes teus textos são completamente inspiradores..Parabéns por isso =)
E que continue tudo a correr como tem corrido até agora!
Indo na mesma onda do comentarioa nterior, realmente, aqilo qe eu pensava enquanto lia o qe escrevias (God, es a UNICA pessoa qe escreve textos enormes e eu que eu leio de uma ponta a outra) era qe me inspiras. E revejo-me sempre TANTO naquilo qe tu escreves que é ridiculo. Beijoes fofi*
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