segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Das diferenças culturais.


No outro dia, uma amiga minha daqui, que é da Bélgica, com a qual estou a planear uma viagem a Copenhaga, deixou-me preocupada ao dizer-me que "precisávamos falar", sobre "algumas coisas que ela tinha para me dizer, para bem da nossa amizade, otherwise, a nossa amizade estaria em risco" e que "tinha de falar comigo acerca disto antes de ir a Copenhaga juntas".

Fiquei assustadíssima, pois claro está, a achar que tinha feito algo de mal...

O que ela me disse, eu nunca teria imaginado: é que sou muito "dada". Muito da partilha... Se alguém estiver a comer um pacote de batatas fritas eu tendo a tirar uma, por exemplo. Ou que naquele específico dia pedi um golo de alguma bebida (dia esse que nem me lembro, mas enfim).

Para eles, isso é falta de eduação. No entanto, a minha intenção nunca, mas nunca, seria ser mal educada. É apenas a minha cultura. Se eu tivesse a comer um pacote de batatas fritas, nunca iria entender como falta de educação se me tirassem uma. Se alguém me pedir alguma coisa, eu não tenho problema nenhum em dar. Partilhar. Não vou ficar a matutar nisso e muito menos, fazer um big deal about it. (à falta de melhor expressão em português).

Se alguém cozinha para mim um dia, e eu não ajudei em nada ou não contribuí com nada, no outro dia serei eu a cozinhar, com a minha comida, sem pedir nada em troca.

Se me passam qualquer coisa para a mão, sem que seja minha, noutro dia serei eu a passar qualquer coisa para a mão de alguém, sem que seja do outro alguém.

Se eu emprestar dinheiro a uma amiga que precise hoje, não vou andar atrás dela sempre a dizer que ela me deve dinheiro. Até porque detesto isso. Noutro dia qualquer, será alguém a emprestar-me a mim se precisar.
Tudo isto para mim são coisas naturais, porque tem a ver com a minha cultura e os meus hábitos, entre mim e amigos - e também já reparei que é uma coisa muito latina, portugueses, espanhóis, italianos (franceses não conheço quase nenhuns). Não há aquele comportamento "strictly", o que é meu é meu, o que é teu é teu, não há cá trocas. Se te dou, tens de me dar de volta. Como se as relações fossem um negócio. Faz-me confusão!

Nem sequer me passava pela cabeça que seria isso que ela teria para falar comigo, pois nunca achei que alguém parasse para pensar nessas pequenas coisinhas, a esse ponto. Mas o facto é que as pessoas que estavam "de mal" com este meu comportamento são da Bélgica. Nórdicas.

O choque de culturas é evidente e forte. A minha "defesa" foi a de que, tudo bem, posso mudar alguns hábitos que tenho e que elas levem a mal, mas nunca a minha personalidade. Afinal, a amizade acontece na base da aceitação, isto digo eu, é a minha opinião. Não considero amiga uma pessoa que não me aceita pela minha personalidade. Posso evitar ter certos comportamentos que, compreendo, as incomodem; mas sou assim, faz parte da minha maneira de ser, ponto final. Posso deixar de tirar batatas fritas (o exemplo que dei) sem pedir autorização, tudo bem. Mas a minha personalidade não mudo. Deixei isso claro, e ela ficou de bem com isso também.

Admito que achei um pouco estranha, toda esta conversa... e cheguei à conclusão de que realmente, ao início é sempre tudo muito cor-de-rosa, mas ao fim de 2 meses, começamos a ver os "podres" das outras pessoas. E eu sou uma pessoa muito pouco conflituosa, não gosto de me chatear com coisas pequenas como estas - se tirei uma batata aqui, se pedi um golo de uma bebida ali. Por favor. Há coisas mais importantes do que isso.

Apesar de ter ficado extremamente self-conscious a partir desse ponto. Agora, mesmo que não queira, mas não consigo evitar, quando estou ao pé delas penso sempre se estou a fazer algo que elas vão levar a mal...

Gostei imenso da atitude dela em relação a tudo, seria melhor do que só falar nas minhas costas. E, afinal, é a falar que as coisas se resolvem! Chegámos a um acordo, e ficou tudo bem.

Mas the point is: há situações em que, realmente, o choque de culturas é demasiado grande. O que para mim é natural e nem sequer roça na má-educação, para outras pessoas pode ser extremamente mal-intencionado. O facto de, para mim, ser "normal" ser apegada e chegada às pessoas em quem confio, nada tem de mal. Pelo contrário, para mim, ser distante e demasiado racional é ser frio... O não se cumprimentar ou despedir dos amigos mais próximos com beijinhos, é frio.

Mas, enfim, com isto...só se cresce!

sábado, 29 de outubro de 2011

Não gosto:

quando pessoas da mesma nacionalidade se unem num grupo e começam a falar na língua nativa deles, sem sequer se preocuparem se estão pessoas de outra nacionalidade presentes. Ok, ao início é giro ouvir grego ou italiano ou espanhol (que percebo), mas há limites... uma conversa inteira e longa é demais.

Quando estou com algum português, tenho a tendência para falar português, claro, o meu cérebro não faz o "switch" de idiomas tão rápido assim, pois sei que a pessoa com quem estou a falar é portuguesa. Mas tento ao máximo falar em inglês se outras pessoas de outras nacionalidades estão presentes.

É uma questão de educação. :)
A noite de ontem foi mágica.

Tenho a sensação que tudo o que aconteceu entre as 10 da noite (jantar em casa da Maria e da Marta, jantar português) e as 5 da manhã (festa Halloween e dormir umas horinhas em casa da Andreia, outra portuguesa que mora no centro de Amsterdão, para esperar que chegasse a hora do primeiro tram da manhã e não ter que pagar o night-bus), foi assim uma espécie de sonho. Não me lembro de ver as coisas bem nitidamente, está tudo um bocado desfocado... Mas tenho a sensação que me diverti imenso. E conheci pessoas fantásticas. E diverti-me imenso. E pronto. E diverti-me imenso. À pala dos exames, não me divertia assim há algum tempo.







Esta manhã, tive um momento mágico! Sentia-me cansada, e com frio, e só queria ir para casa tirar a maquilhagem de halloween como deve ser, trocar de roupa, meter-me na cama... Mas sentia-me tão feliz, esta manhã, nem sei porquê. Foi assim:

Amsterdam in the morning its so beautiful. Walked randomly around, after leaving my friend's house, just walked until I found the tram back to my home. I didn't care about the cold, I didn't care about my face with left-overs of the halloween make-up from the day before, nor my scary hair (it is going to take me HOURS to undone this), I didn't care that I walked so much. The city was so beautiful and I felt like in a movie. Amsterdam ♥ (source: o que escrevi no Facebook, lol).

E agora, com licença, vou só ali dormir (provavelmente o dia todo) e já volto... Mas ainda antes de ir dormir:

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Anti-erasmus:

é estar a estudar o dia inteiro desde 3ª feira!

Nunca ouvi falar de um erasmus ou de um país para fazer erasmus onde os erasmus estudassem tanto como nós (é que é toda a gente, e a biblioteca cheia). Devia ter ido fazer erasmus para Espanha ou Itália, sempre ouvi dizer que os erasmus nesses países não fazem nada. Mas nãããooo, tinha de vir parar a um país desenvolvido e com muito gosto pelo trabalho.

Hoje, foi o meu primeiro exame. Fingers crossed! Ate correu bem, e para primeiro exame inteiramente escrito em ingles, acho que ate me safei bem (na ultima pergunta o meu vocabulario ja se estendia a palavras como "whereas", "thus"e "therefore"xD ). Usei as minhas meias da sorte. Sim, eu sou um bocado supersticiosa. Mas tenho um par de meias que uso sempre nos exames. E nos exames em que as usei, sempre passei, e alguns até com notas razoavelmente boas.

Quinta-feira da proxima semana, é o próximo. O de holandês.

Ainda tenho de escrever um artigo científico para "Stress&Health" até dia 4 (a deadline é dia 11 na realidade, mas eu quero fazer até dia 4, porque depois vou para Berlim, e quando voltar começa o 2º período, e eu não gosto de fazer as coisas à pressa), cuja introdução tem de conter, em média, 1200 palavras. Agora imaginem o método, o estudo, a discussão, a conclusão, bla bla bla...

Vou só ali morrer (com falta de vida social e tudo) e já volto! :P

De estudo e tudo por hoje, e por este fim-de-semana, e tudo no que toca ao estudo. Vai ser um party-and-procastrination-weekend! :)

Obs.: parte do post esta sem acentos, porque parte dele foi escrito num pc da faculdade, e eles nao teem acentos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Acabas sempre por encontrar alguém que tem as mesmas manias esquisitas que tu, em Amesterdão.

Sempre disse que detesto falar ao telemóvel/telefone. (post sobre isso no meu outro blogue: http://ahotclick.blogspot.com/2011/05/nao-gosto-de-falar-ao-telefone.html).

Não sei explicar, mas não me expresso bem, (ao vivo sou super expressiva), fria, distante, credo! Até na escrita sou mais expressiva do que ao telefone. Mas nunca soube explicar porquê. Falar ao telefone deixa-me nervosa, ansiosa, não ver a pessoa, sei lá... para mim é estranho. Por isso tendo sempre a não atender o telefone (a não ser que ache que seja urgente, tipo os meus pais) e a "torcer o nariz" quando tenho (mesmo) eu de ligar a alguém.

Agora ainda detesto mais, porque pior do que falar ao telefone, é falar ao telefone em INGLÊS. Ok, o meu inglês está bem melhor, é a língua-base de comunicação no meu dia a dia. Mas não é a minha língua nativa, e ainda preciso muito da presença da pessoa e da body-language para a comunicação em inglês ser eficaz. Quando falo ao telefone em inglês sinto que acabo a chamada sem perceber nada à mesma!

E eu acreditava, profunda e veemente, em toda a minha inocência, que não existia ninguém como eu assim neste aspecto.

Até que conheci a Rose. Ela tinha de ligar para uma amiga que temos em comum, mas disse qualquer coisa como "detesto telefonar, fala tu". Chegámos à feliz conclusão de que, no que toca a falar ao telefone, somos a mesma pessoa. Acabávamos as frases uma da outra ao tentar descrever o quanto detestamos falar ao telefone.

Bottom line is: you always find someone who has the same strange little-crazy-things-you-have-and-nobody- understands, in Amsterdam.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Coffeeshop's - some random day, some unique situations.

Primeira, uma coffeeshop gay - só me apercebi disso quando saímos de lá, tipo "epifania". Nem sabia que isso existia, mas adorei a ideia.

Segunda, momentos do caraças...




 ... e um rapaz cuja moca era de tal ordem, que até um amigo imaginário tinha. A Roos ficou completamente vidrada nele, obrigou-me a escrever e tudo! :P

Eis o que saiu deste brilhante momento...

"There's a really strange guy in this coffeeshop, and he seems to have some kind of an imaginary friend. He talks alone, waving to someone who doesn't even exist. Either I'm really stoned, or this guy is crazy. Brilliant! (...) when people in the same place laugh, he laughs along with them; he trully believes he's "with" other people. And he can't controll himself. (...) Now he's starting to dancing with his hands, following the situation; he camuflages himself in the environment. He turns to us and sais "'we' were talking about", refering to himself as a "we"; he tells us that he feels positive vibes from us and all that matters is being positive. He gets in and out of situations and people he introduces himself to, like a TV switching on and off".

Devo dizer que, ao início, só me conseguia rir. Mas agora, que me lembro deste dia, acho que foi algo mesmo inédito de se ver... :D

sábado, 22 de outubro de 2011

2 meses.

Hoje acordei tarde e preguiçosa (as noites tardias não perdoam), com um telefonema da Ivone para combinar este fim-de-semana em Den haag; acordei, olhei para o calendário/telemóvel/agenda e realizei... hoje faz 2 meses desde que cá cheguei! O tempo passa mais que rápido, mas eu continuo a dizer o mesmo que disse no primeiro dia, na primeira semana, no primeiro mês: I'm having the time of my life.



Por vezes tenho que me beliscar, para ter a certeza que isto não é um sonho. Como eu vim parar ao local perfeito (excepto o tempo chuvoso e frio, ok), ao ambiente perfeito, ao perfeito grupo de amigos. Como eu me adaptei e ambientei tão rápido.

Esta experiência está a mudar por completo não só a minha vida, mas a minha personalidade, a minha maneira de ser, a minha perspectiva em relação ao mundo!...

Quem pensa que o Erasmus é só divertimento, que se desengane. Também há maus momentos! Os trabalhos, o estudo, o grau de exigência... (e o querer também aproveitar o lado académico)... As saudades de casa que por vezes apertam, os problemas financeiros... Mas no fim de tudo, os bons momentos compensam - e o que crescemos, o que cresço aqui!!! - as pessoas, os amigos com A grande que posso dizer que já fiz!

Em relação às pessoas... eu acho que tive uma sorte gigante por ter encontrado as pessoas que encontrei. Numa das primeiras noites conheci a Corie, o Fabio e a Morgan, que vivem no 7º andar.
Estas foram as primeiríssimas pessoas que se vieram a tornar amigos de verdade, que conheci. Cliquei de tal forma com eles - por vezes é apenas uma questão de conexão - que a partir desse dia só me dava com eles. Apesar de já ter conhecido dezenas de pessoas nos primeiros dias, foi com eles que senti a maior ligação.

Depois apareceu a Iona, o Evangelos, a Alexandra - e as amigas dela, Almudena, Violeta, que também se tornaram minhas amigas!
A Alicia, que conheci numa reunião com o nosso coordenador de psicologia (ela está a tirar o mesmo curso que eu, temos aulas juntas). O Kangkai, que surgiu do nada numa visita guiada por Amesterdão também num dos primeiros dias, mas senti grande conexão com ele e nos demos super bem desde o primeiro momento.
Mais recentemente, o Tom, o Marcel, a Rose e a Lucia. Os portugueses com quem me dou melhor aqui sao aSusana, a Rita e o Renato. Depois, claro, há outras pessoas com quem me dou bastante bem, mas estas são aquelas mais especiais, o núcleo, com quem eu tenho mais confiança, com quem eu sei que posso contar. E as coisas aconteceram tão naturalmente! A forma como absolutamente nada foi forçado... Damo-nos todos super bem entre nós, sente-se uma grande conexão, amizade, confiança, carinho...E depois (e não é por ser o "meu" grupo que digo isto), tenho a sensação que o nosso grupo é o melhor. Porque de vez em quando estou com outras pessoas, de outros grupos, e não sinto a mesma conexão. Nem entre mim e eles, nem eles entre si. Quantas vezes já testemunhei a um suposto grupo de amigos, uma tarde inteira deitados na relva, sem falarem?? Boriiiing! Se fosse o nosso grupo, não ia ser nada assim. Iamos inventar alguma coisa, de certeza. E íamos rir-nos mais que muito. Como sempre! Houve alguém - não sei quem - que disse (e já está cá há algum tempo) que nós éramos o grupo Erasmus mais fixe de sempre, ou de desde que ele/a está cá. O próprio Kangkai, que já estava cá antes, era suposto ir embora em Setembro, mas ficou, porque nos conheceu e gostou tanto de nós que quer passar mais tempo connosco. Já para não falar das visitas que recebemos (amigos e familiares de pessoas do grupo). Saem sempre, sempre, daqui a dizer que adoraram o nosso grupo. E recebemos sempre todo o mundo tão bem! Estou desejosa que a Vera, o Alex e a Sara venham cá em Dezembro. :)

Posso mesmo, seguramente, apelidar-nos de uma "família". A família do 7º andar. Ir a cozinha deles de pantufas, antes de ir dormir. Isto porque apesar de só 4 ou 5 de toda esta gente morar, de facto, no 7º andar, todos os restantes moram noutros pisos (como eu) ou até mesmo noutros prédios. Mas reunimo-nos sempre no mesmo local, à mesma hora, todos os dias. Ainda me lembro quando, ao início, era preciso um "convite" para aparecer por lá; as pessoas que moravam lá diziam-nos "passem por aqui", e eu ficava sempre à espera que me dissessem algo. Agora, já toda a gente aparece sem ser preciso dizer nada. E a preocupação que temos uns pelos outros? Sempre que alguém tem um problema, apoiamo-nos sempre mutuamente! Ainda me lembro quando há 1 mes e tal tive aquela gripe horrível, e recebi imensas mensagens de força, de preocupação, de carinho, de "se precisares de medicamentos ou que eu cozinhe para ti, é só dizer". Isto não é lindo, lindo, lindo??! :)

Bem, nem sei que dizer mais! Sei que é neles que penso quando penso o que vou "fazer esta noite" ou "este fim-de-semana". Sei que é com eles que posso partilhar coisas pessoais, sei que é neles que posso confiar, sei que é com eles que posso contar. Nos maus momentos - e ja tive alguns aqui, por exemplo isto e isto (links) - sao eles que me apoiam sempre! E com eles com quem posso conversar e desabafar. God, ainda só passaram 2 meses e eu já sinto que vou ter umas saudades enormes deles quando for embora. Que já temos planos para eles me visitarem a Portugal em Maio! Tal como sinto agora dos meus melhores amigos em Pt: Vera, Alex, Bruno, Sara, Sandro, Rafael, Rui, Daniel, Jota...

Quando vim para aqui, nunca, mas never in a million years, pensei que fosse encontrar as pessoas especiais que encontrei. Sinto-me a pessoa mais sortuda do mundo. :D

E amanhã, o destino é Den Haag (Haia) para um fim-de-semana calmo de introdução ao estudo (no comboio), que já devia ter começado há alguns dias atrás, para o exame que tenho daqui a menos de uma semana! :)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

É uma questão de perspectiva / It's only a matter of perspective (translated)

de vida.

Nem sempre apenas o amor conta. Ou a conexão emocional.

Também a conexão mental importa, e muito. O estar no mesmo sítio mas, sobretudo, o querer ir para o mesmo sítio. O querer atingir o mesmo nível. Não ter necessariamente os mesmos objectivos, mas pelo menos ter o mesmo nível de ambição - um pouco mais ou um pouco menos, mas nunca um poço tão grande assim.

Não podia mais continuar a ser mãe de ninguém. Foi uma decisão que me custou horrores, mas que era necessária. O motivo não era novo, o problema já vinha de trás, a minha perspectiva é que mudou. Saí da bolha do enorme conforto emocional em que estava, em direcção a uma nova etapa, um novo capítulo, no qual apenas o meu futuro conta. Um futuro que eu sei que me reserva coisas boas. Porque eu luto sempre por elas.

O que mais me custou foi arrancar-me a mim mesma daquela bolha de conforto emocional em que estava. A habituação, o conformismo, acabar com ele dói. Dói agora não ter alguém que me beije, que me ame, que me conforte, que me preencha, que me lamba as feridas. Foi como se um bocado do meu coração fosse arrancado a sangue frio. Mas essa bolha, tão confortável por dentro, um dia teria de romper. Ela rompeu, eu saí, e comecei a ver as coisas de forma diferente. De fora. Queria muito voltar lá para dentro. Mas a minha consciência diz-me que a decisão mais correcta será continuar cá fora.

Não quero ser uma mãe, uma deusa, uma musa, e/ou o centro da vida de alguém. Sou egocêntrica e gosto de ser tratada como uma princesa, sim, mas não assim tanto. Ter alguém comigo tão dependente de mim em tantos níveis deixou de ser agradável para passar a ser um sufoco. E uma responsabilidade demasiado grande. Afinal, apenas e só a minha vida é da minha responsabilidade.

Foi das coisas que mais me magoou, foi fazer isto. Nunca tinha intenção de magoar ninguém. A dor que sinto, é a minha e a dele, a dobrar. Apesar de saber que a culpa foi dos dois, eu sinto o peso da culpa nos meus ombros de uma forma abalável. Mas o dia que evitei durante tanto tempo eventualmente tinha de chegar.

É triste que tenha sido assim. É triste quando deixamos de acreditar num "nós", mesmo que continuemos a acreditar num "ele". Mas um "ele" independente de mim, desprendido, com a sua própria vida, pela qual tem de lutar.

As lágrimas derramadas podiam encher um rio, mas a longo prazo acredito, que me vou lembrar dos últimos 2 anos da minha vida, com um sorriso nos lábios. Por todos os momentos vividos, proporcionados, mágicos, únicos.

Agora, o novo capítulo da minha vida começou. O auto-conceito que tenho de mim mesma já não inclui alguém que está tão dependente de mim ao ponto de ser difícil arrancá-lo do meu auto-conceito.

Vou sempre amá-lo, de uma forma ou de outra. E sempre com carinho irei pensar nele. E sempre hei-de querer ser amiga dele e apoiá-lo. E nunca, nunca, me hei-de esquecer dele.

Agora, é tempo de começar a escrever a página ainda em branco desta nova etapa.

Translation:

It's only a matter of perspective... of life.


Only love is not always enough. Or the emotional connection.


Also the mental connection matters greatly, at least for me. Being in the same place but, above all, want to go to the same place. The aim to achieve the same level. Not necessarily have the same objectives, but at least the same level of ambition - a little more or a little less, but never a space so big. I could no longer continue to be anybody's mother. It was a decision that cost me horrors, but it was needed. The reason was not new, the problem was already from the past, my perspective was the one that changed. I left the huge bubble of emotional comfort I was in, towards a new stage, a new chapter, in which only my future counts. A future that I know has good things reserved for me. Because I fight for them.


What hurt me most was to get out of the gigant bubble of emotional comfort I was in. Habituation, conformation, ending it, hurts. It hurts now not to have someone to kiss me, to love me, to comfort me, to fill me, to lick my wounds. It was like a bit of my heart was torn in cold blood. But this bubble, as comfortable inside, would one day break. It broke, I went out and started to see things differently. From outside. I really wanted to go back inside. But my conscience tells me that the most correct decision it is to continue outside.


I do not want to be a mother, a goddess, a muse, and / or the center of someone's life. I am self-centered and I like to be treated like a princess, yes, but not so much like that. Having someone with me so dependent on me at so many levels its no longer nice, but instead a suffocation. And too big of a responsibility. After all, only me and only my life is my responsibility.


This was one of the hardest decisions to make, and thing to do, ever. I had never intended to hurt anyone. The pain I feel is mine and his, doubled. Despite knowing that it was the fault of the two of us, I feel the weight of guilt on my shoulders in an incredible. But the day that I avoided for so long had to come eventually.


It's sad that this was it. It's sad when I fail to believe in "us", even though I continue to believe in "him"." But a "him" independent of me, detached, with his own life, life he must fight for.


The tears I shed could fill a river, but time will pass, and the long term I believe that I will remember the last two years of my life with a smile on my face. For all experienced moments, magical, unique.


Now, the new chapter of my life began. The self-concept of myself that no longer includes someone who is so dependent on me to the point of being difficult to pull him out of my self-concept.


 I will always love him, one way or another. And I will always think of him fondly. And I will always want to be friends with him and support him. And never, never, shall I forget him.


But now, it is time to start writing the blank page that it's my next future.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dos jantares internacionais II - jantar Português.

Pois é. Foi este fim-de-semana, o tão prometido jantar português - que já andava a prometer aos meus floormates há 2 semanas. Não me apetecia nada pôr-me a cozinhar durante uma tarde inteira, e para dizer a verdade, cancelei a coisa umas quantas vezes. Só à última da hora, alguns amigos portugueses chegaram para me ajudar, e eu já tinha as coisas todas compradas, pensei que se lixe, que será será, e pronto, acabei por fazer. Tudo obviamente planeado em cima do joelho, falta de ingredientes que a Susana e a Rita tiveram de improvisar à última da hora. Mas no fim lá desencantámos a coisa. Com alguns (muitos e muito graves) acidentes pelo meio, os quais conto pelo caminho.

Quem me viu e quem me vê! Não gosto de cozinhar, não tenho o hábito de cozinhar (só mesmo o básico, e em quantidade para armazenar, para evitar ter de cozinhar todos os dias). Eu, je, moi, ik... consegui, de alguma forma, desencantar uma grande travessa de bacalhau à brás e uma taça gigante de baba de camelo. Ok, confesso, não quero ficar com os louros todos, a Rita, a Susana e o Renato ajudaram-me (e muito). Mesmo assim, nunca me passaria pela cabeça eu cozinhar algo assim tão elaborado - que para mim é elaborado. É como eu digo, estou a aprender novos skills: em menos de dois meses aprendi a andar de bicicleta, a enrolar cigarros, a mexer com SPSS (o básico, vá), a fazer perguntas (muito) básicas em Holandês, e a cozinhar. Não me digam que isto não é obra, não me estraguem o filme, que eu estou orgulhosa de mim!

Para começar, foi o cabo dos trabalhos para encontrar bacalhau. Sabiam que o peixe aqui, é um luxo? Para além de ser pouco, limitado, e já congelado, é carísssimoooooooooo. Uma caixa de bacalhau foi 5 euros e 19 cêntimos. E eram duas míseras postas. Ok, depois lá encontrei outro local em que as caixas eram 2 euros cada, num supermercado tipo mini-preço (mesmo assim, uma miséria). Batata palha-palha?? Que é isso? Niet, nee, niets! Tive de comprar batatas normais e cortá-las bem cortadinhas... tivemos nada mais nada menos do que das 15h30 às 17h30 quase 18h a descascar e cortar batatas.





Não podia mais ver batatas à frente, e cortei-me 2 vezes em 10 minutos. Era só ver-me ir bater à porta do Carmine (italiano que vive em frente a mim) pedir compressas e fita adesiva.


Quando eu achava que finalmente estava tudo a correr bem, muito contente da vida a bater as claras dos ovos com aquela máquina cujo nome técnico desconheço, algo explode. Pois que o cabo da máquina estava encostado ao fogão, que estava ligado a fritar as batatas, e eu sem reparar, peguei fogo à coisa. Foi a electricidade da cozinha e de todo o andar abaixo. E um fusível queimado. Não teve piada nenhuma no momento em que foi. Era ver-me toda stressada e a acreditar piamente que só a mim estas coisas acontecem. SÓ A MIM ESTAS COISAS ACONTECEM. A sentir-me culpada por ter feito asneira... e ao mesmo tempo a tentar arranjar uma solução, ligar ao electricista - que nunca mais vinha, ainda por cima a um domingo - e mover tudo para a cozinha do Renato, no 5º andar. Era ver-nos com travessas e tábuas de madeira com cebolas picadinhas no elevador. Triste. No fim de tudo, foi uma boa gargalhada. Eu dizer que sou tão má e distraída na cozinha ao ponto de fazê-la explodir, era, até agora, uma forma exagerada de colocar a coisa. Mas aconteceu na realidade. xD

Fora tudo isto, os acidentes e tudo o mais, no fim acabou por ser divertido. Estava a antecipar a minha neura por ter que passar a tarde toda de domingo enfiada dentro da cozinha, mas até nem foi tão mau assim... com as maravilhosas companhias da Susana, Rita e Renato. E o melhor foi que no fim ficou delicioso. Eles adoraram gastronomia portuguesa! E eu já morria de saudades de peixe (não comia peixe há quase dois meses, excluíndo o atum enlatado). E a baba de camelo?? Demasiado líquida (ao ponto de se poder beber), mas um sabor...hmm! Ainda tenho um restinho no meu frigorífico, eheheh.

E, no fim, o resultado foi:


Lekker!
(palavra específica em holandês para dizer qualquer coisa como "mnham mnhami")

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dos jantares internacionais.

Estou completamente lixada quando chegar a minha vez.  Tenho andado a adiar, a adiar... mas algum dia lá terá de ser.

 
É que eu não sei cozinhar, a sério. Ok, sei fritar um ovo, fazer arroz, e grelhar um bife, mas é mesmo o básico do básico. E do meu grupo de amigos mais próximos, eu sou a única portuguesa. Está-me cá a parecer que vou ter que chamar reforços do grupo do FB "Portugueses em Amesterdão" para me virem ajudar a fazer um bacalhau à brás... ah, mas e o bacalhau? onde é que ele anda? pois... aqui não há (não vendem) bacalhau. ponto final! :P Tenho de ir a um mercado especializado sei lá onde só por causa do bacalhau. Podia fazer qualquer coisa mais simples, mas acho que não seria um jantar bem à portuguesa sem o bacalhau!

Fora isso, se há coisa que eu gosto são de jantares internacionais. Desde americanos (pancakes, peanut-butter gelly sandwishes), italianos (cliché, mas a massa que eles fazem é só 1000 vezes melhor à que podemos encontrar num qualquer restaurante italiano em Lisboa, a deles é mesmo genuína e de raíz, tipo o molho de tomate não é de frasco, é mesmo o tomate a sério todo cortadinho...), a chinês, a grego (tudo com sabor a azeite, o que eu adoro! e a sorte que eu tive de me calhar no meu andar um grego que promete que nos vai cozinhar algo grego pelo menos uma vez por mês ou de duas em duas semanas). Se há coisa que tenho na minha Bucket List - O que fazer antes de morrer - é mesmo provar comida dos 4 cantinhos do mundo.

E agora que penso nisso, é tão raro eu cozinhar e/ou jantar na minha cozinha. Todas as noites há jantar no 7º andar. Vocês devem-se perguntar por que eu falo tanto neste 7º andar. Bom, digamos, é onde tudo acontece. Os jantares. As pré-festas. As festas. E, muitas vezes, as after-festas dos outros. Quantas e quantas vezes a cozinha do 7º andar já não sofreu invasões de pessoas que não conhecemos de lado nenhum e as quais a Corie teve de praticamente "expulsar". Aquilo a que gostamos de chamar de "greek invasions" (são sempre gregos e são mais que as mães). Enfim, a cozinha do 7º andar é onde se acaba a noite. Não é o meu andar, onde vivo. Mas é meu num outro sentido especial. :) It's The Kitchen, com K grande.

Uma foto de um jantar grego (aii, tão bom, só de me lembrar me cresce água na boca):

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Rotterdam - City Tour & Boat Party II - FOTOS (muitas)!

(post sobre este dia e noite aqui - 06-07/11/2011)





















































































 Esquerda para direita: Alicia, Roos, Kangkai, Morgan, Lucia, Eu, Elena e Javier

 Eu, Lucia, Morgan e Roos

Eu, Lucia e Roos

 (os únicos prédios históricos que restaram na cidade após a 2ª GM!)

 Alicia & Rose


 espelho mágico - porta da coffeeshop


 Alicia & Kangkai

modern city...

muito bom!!!


 bye bye! (eu)

 a minha mão :D

Eu & Lucia



Kangkai, Rose & eu

 Kangai e Eu

Eu e Lucia 

OK, eu sei que isto está uma confusão... é que estava à espera de fotos, então fui colocando-as aos poucos... e quando cheguei ao fim vi que no total eram mais de 80, e não me apeteceu seleccionar - ok, apaguei algumas, confesso, demasiado demasiado, não quero ferir susceptibilidades, ahahah - e muito menos colocá-las por ordem...

mas, basicamente, foi um GRANDE DIA e uma AINDA MELHOR NOITE. Diverti-me tantooooooooo :D Foi óptimo!!!