segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bélgica - Leuven, Brugges & Antuérpia I (*)

A nossa pequena (bem pequena!) aventura começa na 6ª feira, dia 23, à tarde. Eu e a Corie vamos apanhar o comboio das 17h53, destino Bruxelas, mas com saída em Mechelen. Claro que apanhamos o comboio em cima da hora, e o outro também (quando tínhamos que trocar). Numa das trocas corremos tão, mas tão rápido, que quando chegámos ao comboio nem conseguíamos falar durante 5 minutos... que fora de forma física em que estamos as duas.



Chegámos a Leuven - cidade onde mora a Rose - às 20h. Vimos a maior parte de Leuven de noite, é uma cidade pequena, pouco para ver. Fomos para umas bebidas, conhecemos uns amigos dela, e acabámos a noite em frente a uma estátua que tem basicamente um insecto (assim uma espécie de mosca) espetado numa agulha gigante. Porque eu me foco neste ponto, perguntam vocês (ou então não), afinal era só uma estátua com um insecto gigante com uma agulha espetada nele. Esqueci-me de tirar uma foto durante o dia (só estivemos lá de noite), mas consegui encontrar uma na net:

Ok, here's the thing: isto é, claramente, um insecto. Mas, de noite, e a partir de um certo ângulo, isto parecia um... pato. Sim, um PATO. Juro!! Estávamos todos numa mesa qualquer numa esplanada na rua, quando alguém diz "olha, uma estátua com um insecto", e toda a gente "ah, pois é, que giro", e de repente eu viro-me e digo (ainda pensei 3 ou 4 vezes antes de o dizer, com medo de me chamarem de burra!): "mas... aquilo é um pato". Acreditem, este insecto/pato deu azo a muita polémica, durante todo o fim-de-semana. É que a partir daquele ângulo e de noite, o insecto fazia uma espécie de ilusão óptica, e parecia um pato. Depois de uma hora a discutir se podia ser um pato ou não, eles acabaram por concordar comigo, daquele ângulo era CLARAMENTE um pato. Bom, nos dias seguintes voltámos lá para confirmar, e todo o mundo concordou. A história do insecto/pato parece insignificante, mas vai ficar para a posterioridade. É que discutimos, batemos o pé, e no fim rimos (muito) só para decidir se daquele ângulo era ou não um pato. A sério. Parece idiota e ridículo, mas foi o tema do fim-de-semana, foi o tema das piadas, o motivo principal de riso, a Corie até escreveu no bloquinho de notas das "coisas engraçadas" ("funny moments") a cena do pato.

Bom, mas adiante.

Algumas fotos de Leuven:
















A segunda parte da noite começou quando chegámos a casa da R. Ok, ela pediu para não espalharmos pelo nosso grupo de amigos, mas eu perguntei-lhe se podia escrever sobre a casa dela no meu blog em português e ela disse ok, desde que ninguém percebesse. Tirei montes de fotos à casa, mas obviamente não as vou publicar, se ela não quer.

Mas porquê todo este alarido com a casa? Bom, numa só expressão: ela tem uma casa que podia ser perfeitamente modelo do programa "Cribs". A sério, a miúda é milionária. Ter uma casa daquele tamanho (eu perdia-me, e no fim-de-semana inteiro não consegui ver a casa toda, apesar do pouco tempo que passávamos em casa, pronto, mesmo assim) é impossível se não se for milionário. Piscina interior, ginásio, elevador, 4 andares, dizem alguma coisa? É que é só uma pequeniiiina amostra. A casa era simplesmente perfeita, intocável, dava a impressão que era de uma revista,  nem dava para acreditar que vivia gente lá. É daquelas casas que só vemos no "depois" do programa "Extreme Makeover", ou em revistas; é daquelas casas que quando passamos por ela pensamos "uhhh gostava de viver ali". Mas a casa era só uma pequena parte. 2 BMW, uma carrinha, uma casa em Copenhaga. Ufff... A sério. Eu e a Corie não conseguimos esconder a SURPRESA quando entrámos em casa dela. E com a Alícia, no dia seguinte (ela só foi ter connosco no Sábado) foi a mesmíssima coisa. O momento engraçado foi quando estávamos à espera do elevador, mas já dentro da casa, e eu achava que ainda estávamos na escada. Quando elas se aperceberam que eu ainda não me tinha apercebido de que aquilo já era a casa e que sim, ela tinha um elevador em casa, foi o rir, mas o rir. Depois estávamos tão interessadas em saber mais sobre o projecto da casa, como tinha isto sido e aquilo sido construído, que parecia que estávamos a fazer uma avaliação da casa para comprá-la, e a piada passou a ser "ok, I'm going to write a number on a paper".

Mas porquê o meu foque nisto? Bom, primeiro, porque eu não estava mesmo nada, mas nada, à espera daquilo; estava a imaginar um apartamento, normal, e andarmos de transportes; mas em vez disso foi como passar o fim-de-semana num hotel de 5 estrelas - até o pequeno pormenor da almofada, foi a melhor almofada em que alguma vez já dormi, é que eu nem mudava de posição a noite toda, de tão confortável que era - e andarmos de cidade para cidade de BMW. Sim, de BMW. Ah, e termos um pequeno-almoço - sim, daqueles "à novela", com sumos de todas as variedades, pão caseiro, fruta... um pequeno-almoço de comer até abarrotar, de não comer mais nada o resto do dia. Não estava mesmoooooo à espera do que foi...

Mas, segundo, e o melhor de tudo, é a atitude da minha amiga e dos pais dela em relação a tudo. Eles são riquíssimos, mas não são arrogantes nem presunçosos. Sobretudo a R., nunca nos falou na vida que tem "em casa"; achei de uma humildade exemplar, mas exemplar - e de admirar - ela ter uma vida "normal", estar a alugar um quarto minúsculo num campus para estudantes, ser uma pessoa super simples, nunca ter falado nisso; ela podia perfeitamente ter mencionado "oh, na minha piscina interior, uma vez...", para dar a entender, como quem não quer a coisa, que tem uma piscina interior (mas graaaande, talvez maior que uma piscina municipal), mas nada, nunca, nunca! Ela não anda por aí a gabar-se e, pelo contrário, implorou-nos que não falássemos disso a ninguém - que ela também conhecesse, o que exclui o blogue em português - porque não quer que as pessoas a usem, porque tem imensa gente à volta dela que a usa pela riqueza, para se mostrar, para poder dizer no facebook "olha, eu tenho uma amiga rica", "olha, eu estive nesta piscina" (com uma foto da piscina). Bom, pode parecer, talvez, que é isso que estou a fazer aqui, mas não é, a sério que não. Primeiro, porque eu já gostava imenso da R. e já a achava uma pessoa exemplar, este fim-de-semana e a atitude dela perante tudo só reforçou a admiração que sinto por ela; nunca iria dar-me com ela só por causa do dinheiro que ela tem. Segundo, porque acho essa atitude horrível, do mais baixo nível. Ok, tenho uma amiga que é rica, milionária, passei o fim-de-semana numa estância de luxo - quem não quer contar isso? É apenas um facto. Mas isso é totalmente diferente da atitude que, segundo ela, muitos dos amigos dela têm: chegar ao ponto de dizer "ah podemos ir às compras e podes pôr tudo no cartão de crédito dos teus pais, eles  nem vão dar conta" -.-' Grrrrr, quando ela me contou algumas dessas atitudes, a sério, irritou-me! Ela é demasiado boa pessoa e não merecia estar rodeada de gente falsa, da maneira que está!

Mas continuando... os pais dela, vê-se que são pessoas instruídas. Não correspondem de todo àquele estereótipo de pessoa rica que só quer esfregar na cara dos outros o que tem, o que possui... A mãe dela podia ter uma empregada o dia todo, mas não; limpa aquela casa (ENORME, GIGANTE) sozinha, cozinha, faz as coisas dela, porque gosta. O pai dela podia deixar de trabalhar hoje e sustentar as 4 ou 5 gerações seguintes à dele (isto porque segundo as contas que eu e a Corie estivemos a fazer, ele deve fazer mais do que um milhão de euros por ano). Mas não. Eles são pessoas super instruídas, educadas, vê-se que são mesmo mesmo mesmo boas pessoas. Já para não falar que, segundo o que a R. nos contou, aquela casa e aquela vida em geral, foi um projecto a loooongo-prazo. Que o pai dela passou dificuldades mas lutou muito na vida e conseguiu, arranjou forma, de construir de raíz (literalmente, que eles até compraram a área na serra onde estava construída a casa), a vida que sempre quis. E a atitude da minha amiga perante isto tudo? - é que isso foi mesmo o melhor e o que mais admirei nela. É que ela diz "eu não tenho de me gabar, porque isto não é meu. Isto é dos meus pais, foram eles que construíram tudo; um dia, eu hei-de construir a minha própria vida, mas por agora, eu não tenho que me gabar de nada, nada disto é meu". E com isto me calo, que disse tudo!

Bom... alonguei-me demais neste assunto, num post que deveria ser sobre um fim-de-semana na Bélgica xD Mas tinha mesmo de falar naquilo, porque foi uma coisa que me impressionou muito, pela positiva, não pela parte física (ok, mas admito que soube bem um fim-de-semana naquela mansão e a andar de BMW para trás e para a frente, mas pronto, sou humana! ahahah), mas pelo tipo de pessoas que tive a oportunidade de conhecer. Pessoas com conteúdo, com essência. Pessoas de VALOR.

Depois de uma noite muito bem dormida (mas mesmo, aquela cama foi só a melhor onde já dormi) e de um pequeno-almoço digno de fotografia (só não tirei porque achei falta de respeito para com as pessoas, lol),  Sábado fomos buscar a Alícia à estação e seguimos para Brugges, uma cidade a 2 horas de carro de Leuven.


A cidade parece saída de um conto de fadas, a sério, é tão linda! Tirámos milhentas fotos, passeámos até dizer chega, comemos uma waffle típica da Bélgica, comprámos chocolates belgas, acabámos a tarde numa esplanada bem simpática, à beira de um canal, a beber cerveja/vinho branco (eu! que detesto cerveja, lol).




Algumas fotos de Brugges:
























Como Brugges também não é uma cidade muito grande, e em 4 ou 5 horas conseguimos ver quase tudo, resolvemos rumar até à costa - De Haan - comer marisco e batatas fritas - comida típica da Bélgica, segundo a Rose - a ver o pôr-de-sol na praia. Perdemos metade do pôr-do-sol porque comida e conversa, ambas estavam deliciosas.

Começou assim:



acabou assim:










Depois do sol posto ainda fomos um pouco à praia, sentámos na areia, conversámos, rimos rimos rimos. Eu tive um ataque de riso a caminho de casa (sabe-se lá porquê)- é que fiquei 20 minutos a rir-me sozinha até que realizei que estava, mesmo, a rir sozinha, o que é um bocado deprimente. Mas é que a situação de que eu me estava a rir tinha, realmente, tanta piada... que ainda hoje se me lembro disso me dá vontade de rir. Nessa noite, apesar de exaustas, ainda fomos a uma festa qualquer que havia em Leuven, ainda fomos ver a estátua do insecto/pato mais uma vez, e acabámos a noite, ou a madrugada, no sofá da Rose a comer lasanha feita pela mãe dela (oh meu deus, é que foi um orgasmo de tão boa que estava) as 4 no sofá.

Domingo, mais um pequeno-almoço digno delicioso, um grande obrigada aos pais da Rose, que foram os melhores anfitriões e são pessoas excelentes, rumámos a Antuérpia, desta vez só eu, a Corie e a Alícia - a Rose ainda ficou em casa mais uma noite.

Antuérpia, que dizer? É linda, claro, aqueles prédios antiquíssimos, aquelas igrejas, monumentos, é tudo tão perfeito, tão histórico... e eu adorooo prédios históricos, locais que eu sei que estão lá há 3 séculos, adoro mesmo. Fomos a uma espécie de "mercado de domingo", onde eu me apaixonei por um Hamster que só custava 5 euros e estava mesmo quase quaseeee a comprá-lo, mas a Corie disse-me que era melhor eu pensar bem e no fim logo decidia, que já tinha reparado que eu sou impulsiva; acertou em cheio, se há coisa que sou é impulsiva, se tenho uma ideia quero logo logo... Resolvi seguir o exemplo dela e depois da "city tour" realmente decidi que era melhor não, que me ia prender os movimentos, e que ia ter de gastar dinheiro em comida e etc., e não estava para isso. Quer dizer, eu adoro animais e gastar dinheiro em coisas para eles não me incomoda, mas não na situação em que estou, Erasmus, todos os euros têm de ser bem aproveitados e a liberdade tem de ser próxima do total.


Algumas fotos de Antuérpia:



















 
Adiante, vimos locais lindos, tirámos milhentas fotos, fomos a um parque, onde realizámos que só tínhamos 7 minutos para chegar à estação e apanhar o comboio de volta para Amesterdão, corremos como nunca na vida, mas conseguimos apanhá-lo, mesmo nos últimos 30 segundos!

Estava toda enérgica, mas no comboio comecei a ficar mole, mas mole... e com uma preguiça, moleza, e peso no corpo, uff!!! Quando cheguei a casa nem quis pensar em mais nada, só tomar banho, actualizar o FB (ahahah, 2 dias sem FB foi demais para mim) e dormir... Entretanto havia um jantar romeno, no meu andar (temos uma espécie de "ritual" em que a cada Domingo cada um faz um prato típico do seu país), mas cheguei tarde demais, e a paciência era pouca, e a fome era pouca, e a curiosidade de experimentar comida romena era pouca, portanto estive com eles um pouco, pedi imensa desculpas por ter faltado ao jantar e ter que recolher-me aos meus aposentos, mas é que estava mesmo moída. Por isso não escrevi nada ontem. E hoje tive um dia cheíssimo, compras de manhã, um teste online (que ainda não acabei, que aflição), aulas toda a tarde, agora vou para um jantar tardio e a Happy Hour habitual no Café Uilenstede. Ufff. As coisas para fazer são mais que o tempo disponível!
Overall, foi um fim-de-semana fantástico. Mais destes virão, espero, em vários destinos. :)

(*) Amanhã vou colocar mais um post só com mais fotos. É que tirámos tantas, e eu nem quero pô-las todas (só as mais giras), mas se pusesse as mais giras todas aqui, uhh... o post ia ficar ainda mais gigante do que já está.

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